Rio de Janeiro, 29 de Junho de 2025

Anistia alerta para expulsão em massa de palestinos na Cisjordânia

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Quinta, 05 de Junho de 2025 às 13:35, por: CdB

De acordo com dados das autoridades dos campos de refugiados de Jenin, Nur Shams e Tulkarem, cerca de 40 mil residentes foram deslocados desde o início da operação.

Por Redação, com Europa Press – de Gaza

A Anistia Internacional (AI) alertou nesta quinta-feira sobre o deslocamento forçado em massa de moradores do norte da Cisjordânia como parte da operação militar “brutal” e “destrutiva” em andamento do exército israelense, que reforça o “apartheid” imposto por Israel nos territórios palestinos ocupados.

Anistia alerta para expulsão em massa de palestinos na Cisjordânia | AI denuncia deslocamento forçado de palestinos por Israel
AI denuncia deslocamento forçado de palestinos por Israel

– A operação militar mortal de Israel na Cisjordânia ocupada, que está ocorrendo à sombra do genocídio em curso em Gaza, teve consequências catastróficas para dezenas de milhares de palestinos deslocados, que enfrentam uma crise que se agrava rapidamente, sem perspectiva de retorno – alertou a diretora de pesquisa, defesa, política e campanhas da ONG, Erika Guevara Rosas.

Ela pediu a Israel que “cesse imediatamente as práticas ilegais que causam o deslocamento forçado” dos palestinos na Cisjordânia, como restrições de movimento ou acesso e ataques a áreas residenciais.

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– Algumas dessas medidas constituem punição coletiva, proibida pela Quarta Convenção de Genebra – enfatizou Guevara Rosas, acrescentando que essas ações “fazem parte de um padrão mais amplo de políticas e práticas ilegais” que buscam “desapropriar, dominar e oprimir os palestinos na Cisjordânia sob o implacável sistema de apartheid de Israel”.

De acordo com dados das autoridades dos campos de refugiados de Jenin, Nur Shams e Tulkarem, cerca de 40 mil residentes foram deslocados desde o início da operação. A Comissão Palestina de Detentos também estimou em mil o número de pessoas presas desde o início da operação.

O exército israelense declarou esses campos de refugiados como “zonas militares fechadas”. A ONG também informou que as forças israelenses estão atirando em civis que tentam voltar para suas casas ou recolher seus pertences.

Imagens de vídeo verificadas pela AI mostram demolições de casas em larga escala e danos à propriedade civil e à infraestrutura nesses campos. A ONG também lembrou que, em 21 de maio, o exército atirou em uma delegação de diplomatas de mais de 30 países em Jenin.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) alertou, em 22 de março, que as ações israelenses em andamento são “a operação mais longa e destrutiva” na Cisjordânia ocupada “desde a Segunda Intifada nos anos 2000”.

“Nível maciço de destruição”

A Anistia verificou um total de 25 vídeos compartilhados nas mídias sociais mostrando a destruição nos campos entre 31 de janeiro e 1º de junho. A ONG alertou sobre o nível de destruição que, em muitos casos, parece ter sido realizado para expandir terras ou construir novas estradas.

De acordo com Nihad Shawes, da Comissão Popular de Nur Shams, o “nível de destruição nos campos é tão grande que levará meses para torná-los habitáveis novamente”. “Mesmo as casas que não foram totalmente destruídas levarão tempo para serem reabilitadas”, disse ele.

Da mesma forma, Qais Awad, da Câmara de Comércio de Tulkarem, alertou que a área se tornou uma “cidade fantasma”. “As empresas da cidade fecham às seis da tarde porque não há visitantes ou clientes. Os agricultores não podem acessar suas terras e os trabalhadores não podem sair por causa do fechamento dos postos de controle”, disse ele.

Um morador de Nur Shams, Ibrahim Khalifa, disse à ONG que sua família foi forçada a deixar sua casa em 9 de fevereiro. “Viemos mostrar solidariedade aos nossos vizinhos por causa de suas demolições. Enquanto estávamos lá, percebemos que a escavadeira também começou a demolir nossa casa”, lamentou.

Da mesma forma, uma mãe de seis filhos que mora no campo de refugiados de Jenin relatou que recebeu fotos em seu telefone de sua casa completamente destruída. “Eles demoliram a casa e destruíram nossa van. Nosso carro era apenas uma pilha de metal. Fiquei em choque”, diz.

Apela à comunidade internacional para que tome providências

Guevara Rosas denunciou que “o fracasso persistente da comunidade internacional em responsabilizar Israel por suas violações contra os palestinos” tem “encorajado” ainda mais o país a cometer “violações mais flagrantes dos direitos dos palestinos”.

– O parecer consultivo de julho de 2024 da Corte Internacional de Justiça deixou bem claro: a presença de Israel nos territórios palestinos ocupados é ilegal e deve cessar imediatamente – argumentou, pedindo aos Estados que “tomem medidas concretas”.

Ele pediu o fim da venda de armas e de outros tipos de assistência militar a Israel, bem como a interrupção de “qualquer atividade que possa contribuir para suas graves violações do direito internacional”. “A não adoção dessas medidas só contribuirá para que Israel consolide seu sistema de apartheid contra os palestinos e sua ocupação ilegal.

A atual ofensiva da IDF, batizada de Operação Iron Wall, concentrou-se principalmente na cidade e no campo de refugiados de Jenin, mas acabou se expandindo para Tulkarem e outras partes do norte da Cisjordânia.

Israel alega que essas operações representam um esforço para eliminar as células da milícia palestina na vizinha Gaza, mas as autoridades palestinas denunciam essas incursões como parte dos esforços de anexação israelense para facilitar a apropriação ilegal de terras pelos colonos.

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