José Rodrigo da Silva Ferrarini foi afastado da função e responde também a processo administrativo.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, preso por atirar no entregador Valério Júnior na última sexta-feira, passou por audiência de custódia e teve a prisão temporária convertida em preventiva. Ele alegou à polícia que o disparo teria sido acidental. A versão foi sustentada tanto antes quanto depois da prisão, no domingo.

Em entrevista ao programa jornalístico Bom Dia Rio, da TV Globo, o delegado Marcos Buss, da 32ª DP (Taquara) relatou que, antes da repercussão do caso, o próprio Ferrarini procurou a delegacia para comunicar o episódio.
– Ele admitiu que se envolveu numa discussão com o entregador porque ele não teria se disposto a levar o lanche na casa dele. Em dado momento dessa discussão, segundo ele, a arma disparou acidentalmente e atingiu o motoboy – disse o delegado.
Na ocasião, o policial penal acabou liberado após prestar depoimento. Com a divulgação das imagens do crime, que viralizaram nas redes, o delegado solicitou a prisão, expedida pelo Plantão Judiciário e cumprida na tarde de domingo.
– Até o momento, ele mantém a alegação de que o disparo teria sido acidental. Tão logo tivemos contato com as imagens, constatamos que, pela própria dinâmica, esse disparo foi voluntário – afirmou Buss. “Uma pessoa que aponta uma arma de fogo para outra, em qualquer parte do corpo, e puxa o gatilho, no mínimo assume o risco de matar.”
Afastamento
Antes da prisão, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) já havia determinado o afastamento de Ferrarini por 90 dias e abriu processo administrativo disciplinar.
Relembre o caso
O episódio ocorreu na noite da última sexta-feira, na Rua Carlos Palut, no conjunto habitacional Merck. Segundo as investigações, Ferrarini exigiu que o entregador subisse até seu apartamento para entregar o pedido, o que foi recusado. Valério sugeriu que a retirada fosse feita na portaria.
Incomodado, o policial penal desceu até a entrada do prédio e, após discutir com o entregador, disparou contra o pé direito da vítima. O momento foi registrado em vídeo. Mesmo ferido, Valério ainda pediu ajuda a vizinhos.
O entregador foi levado para atendimento médico, mas deixou o hospital com a bala alojada. Ele afirma que não sabe quando poderá retornar ao trabalho, já que ainda depende de avaliação médica sobre possíveis sequelas.
Revolta e protesto de entregadores
No sábado, colegas de profissão organizaram um protesto em frente ao condomínio onde ocorreu o crime. Eles se disseram indignados com o fato de Ferrarini ter sido inicialmente liberado.
– Uma injustiça, a gente só queria o direito de ir e vir e entregar o lanche em segurança – afirmou o entregador Breno Pereira, um dos protestantes.
Posicionamento do iFood
O iFood divulgou nota repudiando o ato de violência e reforçando que os entregadores não são obrigados a subir até os apartamentos. A empresa relembrou a campanha Bora Descer, lançada em 2024 no Rio de Janeiro, para estimular clientes a receberem os pedidos na portaria.
A plataforma informou ainda que Valério terá acesso ao apoio jurídico e psicológico por meio da Central de Apoio criada em parceria com a organização Black Sisters in Law.