Comandos verbais de usuários alemães de Alexa, da Amazon, vão parar na Polônia para transcrição não supervisionada. Escândalo recente revelou que assistente Siri, da Apple, faz gravações, por exemplo, durante o sexo.
Por Redação, com DW e Reuters - de Genebra/Paris
A multinacional norte-americana Amazon admitiu que emprega funcionários temporários, em parte trabalhando de casa, para transcrever manualmente os comandos verbais dados a sua assistente virtual, Alexa.
Linha Echo da Amazon inclui assistente virtual Alexa: quadrilha de espiões dentro de casa?
A admissão veio em resposta a revelações do semanário alemão Welt am Sonntag, de que empregados contratados por uma agência na Polônia tinham permissão para escutar as gravações vocais de usuários alemães de Alexa.
Essa revelação agrava as atuais preocupações sobre privacidade, em meio à popularidade crescente de recursos interativos permitindo o uso de instruções verbais para aparelhos reproduzirem música, acenderem luzes ou consultarem as notícias ou a meteorologia.
Revelações anteriores mostraram que os assistentes virtuais podem ser involuntariamente ativados para gravar conversas. No fim de julho, o jornal inglês The Guardian noticiou que funcionários trabalhando no assistente virtual da Apple, Siri, escutavam mais do que as instruções dos usuários, tendo acompanhado eventos como negócios com drogas ou relações sexuais. Entre os "sinais-gatilho" programados estavam, por exemplo, o som de um zíper.
O artigo do Welt revela agora que os comandos vocais dos usuários alemães de Alexa não são escutados apenas por funcionários da Amazon, mas também por indivíduos contratados pela agência Randstad, na Polônia. O fato de eles poderem trabalhar de casa ou em trânsito, potencialmente abre a possibilidade de que as informações pessoais dos usuários sejam copiadas ou partilhadas, sem qualquer instância de controle.
Amazon
Embora a Amazon assegure que apenas seu quadro de confiança tem acesso às gravações, os anúncios de emprego da Randstad ofereciam a candidatos com excelentes conhecimentos de alemão a promessa de "trabalhar de todo o país", após treinamento na sucursal da Amazon em Gdansk.
Embora admitindo que transcrições de áudio podem ser realizadas de casa, a gigante do comércio eletrônico insistiu haver "medidas e diretrizes estritas de segurança, que todo empregado deve respeitar". Trabalhar em locais públicos, por exemplo, seria proibido.
Segundo confirmou um contratado da agência polonesa ao periódico alemão, era possível escutarem-se, nos áudios transmitidos, nomes e locais que potencialmente permitiriam a identificação dos usuários de Alexa.
Imposto digital da França
A Amazon disse na sexta-feira que repassará o custo de um novo imposto digital na França a consumidores e parceiros comerciais, alertando que a medida pode dificultar a concorrência de algumas pequenas empresas francesas contra rivais estrangeiros.
O Senado francês aprovou no mês passado uma taxa de 3% sobre as receitas obtidas na França das gigantes de serviços digitais o que fez o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar impor tarifas de retaliação sobre o vinho francês.
“Não estamos em condições de absorver um imposto adicional baseado em receita, em vez de lucro”, disse a Amazon em comunicado, citando a dura concorrência no “setor varejista de baixa margem” e seu investimento significativo em ferramentas e serviços digitais.
“Não temos outra opção senão repassá-lo”, disse a Amazon. “Nós reconhecemos que isso pode colocar pequenas empresas francesas em desvantagem competitiva com seus concorrentes em outros países.”
O ministro das Finanças da França disse no sábado que o país levará adiante o imposto digital, ao mesmo tempo em que apóia os esforços para chegar a um acordo sobre uma taxa internacional por meio da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Outros países da União Europeia, incluindo Áustria, Reino Unido, Espanha e Itália, também anunciaram planos para seus próprios impostos sobre serviços digitais.