Pesquisa do Imperial College indica que, além de ser mais transmissível, cepa P1 do coronavírus pode driblar sistema imunológico. Cientista afirma ser cedo para dizer se variante é resistente a vacinas.
Por Redação, com DW e Sputnik - de Brasília A variante do coronavírus detectada pela primeira vez no Amazonas tem potencial de driblar o sistema imunológico e causar reinfecções pelo novo coronavírus, afirmaram cientistas na terça-feira com base no resultado de um estudo preliminar.Detalhes do estudo
Realizado pelo Imperial College London em parceria com pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de São Paulo (USP), o estudo indica que a P1 surgiu provavelmente em Manaus no início de novembro. A primeira infecção com a cepa foi identificada em 6 de dezembro. – Vimos então a rapidez com que a P1 ultrapassou outras linhagens e descobrimos que a proporção da cepa passou de zero a 87% em cerca de oito semanas – afirmou Faria. O estudo preliminar, que ainda não foi revisado por outros pesquisadores, sugere ainda que a cepa do Amazonas seja entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível do que outras variantes, e esse seria provavelmente um dos fatores responsáveis pela segunda onda da pandemia no Brasil. – Provavelmente faz as três coisas ao mesmo tempo: é mais transmissível, invade mais o sistema imunológico, e, provavelmente, deve ser mais patogênica – afirmou Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do grupo da universidade que participou do estudo. "Não se podem explicar tantos casos a não ser pela perda de imunidade", acrescentou. Baseado num modelo matemático realizado pelo Imperial College London, o estudo analisou genomas de 184 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes diagnosticados com covid-19 em laboratórios de Manaus entre novembro de 2020 e janeiro de 2021. A cidade foi palco de um piores momentos da pandemia no país. A explosão de casos levou à escassez de oxigênio e a um colapso do sistema de saúde no início deste ano.Estudo brasileiro
Pesquisadores no Brasil estudaram dois pacientes infectados com covid-19. O portal The Conversation disse poder se tratar de um caso de coinfecção, no qual mais de um vírus ataca as mesmas células.
Cientistas brasileiros publicaram no servidor de pré-impressão medRxiv um estudo analisando o efeito de infecção simultânea de uma pessoa por duas cepas do SARS-CoV-2.
Os pesquisadores analisaram dois pacientes infectados com a covid-19, descobrindo duas variantes diferentes previamente encontradas na população.
Não foram encontrados efeitos severos relacionados à doença e ambos os pacientes se recuperaram sem precisarem ser hospitalizados.
De acordo com o portal The Conversation, este pode ser um caso de coinfecção, que ocorre frequentemente em vírus com informação genética do tipo RNA, citando dois estudos como evidência.
Para isso, é necessário que o vírus ataque a mesma célula, podendo assim "trocar grandes partes de seus genomas um com o outro e criar sequências completamente novas", diz.
A replicação de mais de um coronavírus em diferentes células do corpo não cria recombinação, indicou uma pesquisa.
Além disso, a mídia citou um estudo propondo que a própria capacidade deste coronavírus de infectar células humanas se desenvolveu como resultado da recombinação da proteína S entre coronavírus de animais relacionados.
No entanto, o estudo no Brasil não referiu se as diferentes versões do SARS-CoV-2 chegaram a mirar as mesmas células nos corpos dos pacientes.
Com base na evidência existente, o The Conversation escreve: "As evidências até o momento não sugerem que a infecção com mais de uma variante leve a doenças mais graves. E embora seja possível, muito poucos casos de coinfecção foram relatados."