Rio de Janeiro, 14 de Setembro de 2025

Vagas temporárias tendem a mascarar nível do desemprego no Brasil

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Sábado, 21 de Outubro de 2017 às 15:22, por: CdB

Estas vagas temporárias, principalmente no comércio, podem representar para muitos uma possibilidade de contratação definitiva ou uma renda extra.

 

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro

 

A fantasia de que a crise político-econômica e o desemprego dão lugar a uma nova fase, de crescimento do país, divulgada à larga pela propaganda oficial, acaba de ganhar mais um aliado. As próximas pesquisas dos institutos econômicos tendem a registrar o que será caracterizado como um aumento real no número de vagas. Mas trata-se, na realidade, do crescimento dos empregos temporários, característicos do fim de ano.

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Muitos trabalhadores buscam as vagas temporárias para driblar o desemprego

Estas vagas temporárias, principalmente no comércio, podem representar para muitos uma possibilidade de contratação definitiva ou uma renda extra para os gastos de dezembro e janeiro. Esse pequeno alento nos dados estatísticos já começam a surgir.

Em Brasília, pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) indicou que 31,8% dos empresários farão contratações temporárias. As vagas criadas serão aproximadamente 3,9 mil até o Natal. No ano passado, 16,3% contrataram e 3,8 mil postos temporários foram abertos. O levantamento ouviu 425 lojistas de shopping e de rua, de 15 setores diferentes, entre 7 e 9 de agosto.

Sem confiança

Presidente da instituição, Adelmir Santana ressalta que a expectativa de contratações ainda está distante dos patamares verificados em anos pré-crise econômica.

— Quando a economia estava bem, lá em 2014, esse número era de 7 mil a 9 mil pessoas. Ainda não está estabelecida a confiança plena. Mas já é um sinal de recuperação quando eles (lojistas) dizem que vão contratar pessoas — deduz.

Mas, segundo Santana, a crise tem levado os empresários a adiar as contratações. A ideia é, primeiro, ter certeza de que haverá alta no movimento. Não há confiança de que esta venha a ocorrer.

— No passado (as contratações) eram na segunda quinzena de agosto. Este ano, a perspectiva é só a partir da segunda quinzena de novembro — explicou.

Produtos baratos

Entre os segmentos pesquisados pela Fecomércio-DF, o de lojas de calçados e acessórios foi o que apresentou maior intenção de contratação temporária (36%), seguido por livraria e papelaria (20,3%); lojas de brinquedos (19%); floricultura e cestas (15,7%); chocolataria (15,5%); vestuário (11,2%); artigos para presente (11,1%); perfumaria e cosméticos (10,7%); eletroeletrônicos (8%) e relojoarias e joalherias (6,5%). A maioria dos segmentos produz artigos de preço convidativo.

O empresário Júlio Cesar Alonso, que dirige 11 lojas de uma franquia de chocolatarias, informa que este ano contratará entre 30 e 35 pessoas; para atuarem como temporários no seu negócio. Segundo ele, desde a Páscoa o setor vem registrando melhora no movimento.

— A gente vem recuperando faturamento e movimento. No shopping tem tido fluxo. As pessoas estão voltando a frequentar shoppings, a investir em lazer e a consumir supérfluos — preve. Segundo ele, o processo de seleção de temporários começará na quinzena de outubro.

Capitais e interior

O lojista avisa que os temporários podem tornar-se efetivos caso mostrem bom desempenho.

— Sempre vai ter a oportunidade de contratação, seja para substituir eventuais funcionários que não estão atendendo às necessidades ou mesmo com a criação de novas vagas — diz.

O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Câmara Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) estimaram a abertura de 51 mil vagas extras no final deste ano; a partir de pesquisa feita com 1.168 empresários dos setores de serviços e de comércio varejista. Todos localizados nas capitais e interior do país.

Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê que mais de 73 mil pessoas serão contratadas pelo comércio brasileiro; para as festas de fim de ano. Uma alta de 10%, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram geradas 66,7 mil vagas temporárias de emprego. A previsão, porém, é considera alta pela maioria dos economistas.

Expectativas

Moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a pedagoga da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) Patrícia Araújo Tavares, de 34 anos, está em busca de trabalho temporário. Ela precisa de uma renda extra para os gastos do fim de ano. Assim como outros funcionários públicos estaduais com salários atrasados desde o ano passado e sem receber o décimo terceiro, ela está procurando alternativas para complementar a renda.

— Como o pagamento está irregular, estou procurando emprego em lojas de roupas; lanchonetes e pizzarias para trabalhar no fim de semana. Ou à noite, para reforçar a renda de final do ano. Vários colegas (da Faetec) estão vendendo doces, salgados, bolos — disse.

O atraso no pagamento do funcionalismo fluminense aliado ao desemprego e ao crescimento da violência no estado são fatores apontados pelo presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio), Aldo Gonçalves, para a redução do número de vagas temporárias neste fim de ano.

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