Rio de Janeiro, 17 de Setembro de 2025

Um ano turbulento e cheio de lições está chegando ao fim

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Terça, 26 de Dezembro de 2006 às 09:05, por: CdB

Turbulento porque a mídia nacional fez da corrupção endêmica que desgraça a Nação desde há muitos anos o fato do momento ao flagrar gente do PT fazendo o que é comum acontecer na política institucional do país. Virou escândalo moral  enquanto faltam informações para que o povo conheça outros escândalos, como o lucro dos bancos ou o roubo das multinacionais da energia.

A turbulência atingiu o âmago do processo eleitoral quando um dossiê contendo escândalos do tucanato foi para o baú das coisas perdidas e os que tentaram comprá-lo viraram vilões nacionais e provocaram o segundo turno nas eleições presidenciais. A turbulência do ano serenou quando a direita perdeu com Alckmin e a esquerda não ganhou com Lula. E assim seguimos neste longo processo histórico em que o velho não morre e o novo não nasce.

E para encerrar o ano mais uma turbulenciasinha com a indignação popular por causa do auto-aumento do salários dos deputados federais e senadores, dobrando seus vencimentos para R$ 24.500,00 enquanto o salário mínimo pena ao redor de R$ 370,00 por mês. A vingar este máximo e este mínimo, caberão 66 mínimos do povo no máximo de um deputado. 

As lições: muitas e fortes.

A Reforma Agrária vinda do Estado esbarra em leis, incompetências, acordos com o agronegócio, opção pelos ricos do campo. E quando avança aos milímetro e aos solavancos é quando a força vem de baixo para cima, da mobilização, das ocupações, das marchas, do desafio dos pobres do campo ao latifúndio e ao agronegócio. Mais que o governo, o Estado é dos ricos. Ou se rompe com este Estado ou o povo continuará vivendo de favores e sobrevivendo na resistência. O Estado continuou funcional aos interesses do grande capital transnacional. Esta lição é basilar: não pode haver inflação de expectativas com governo que não se disponham a romper com a lógica perversa do Estado.

Outra lição: o centro dinâmico das transformações virão das lutas de massa e da organização popular. Então, toda a força no meio da massa, com formação, lutas concretas, mobilizações, debate político. É enfrentando o capital que o povo aprende sua lógica e concebe o projeto da classe trabalhadora que vai além do capital e terá como centro o social, as necessidade e as aspirações do conjunto da sociedade: Socialismo.

E no 8 de março deste ano que finda, a turbulência fértil entre tantas turbulências inférteis que passaram ao longo do ano. Mulheres camponesas enfrentaram os monstros da celulose e do deserto verde.

E nos deram a derradeira lição do ano que finda: é com lutas de massa que se altera a conjuntura e que se mostra o rumo das transformações necessárias.

Que estas lições nos acompanhem nas turbulências - de preferência férteis - do ano que chega. Tchau 2006. Que seja bom para os lutadores do povo o 2007   que chega.

Frei Sérgio é deputado estadual (PT-RS)

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