Rio de Janeiro, 13 de Setembro de 2025

Tuma pode abrir processo contra Jader por ameaça de morte

Arquivado em:
Quinta, 27 de Setembro de 2001 às 12:37, por: CdB

"Não sei quem irá nos julgar, se Deus ou o diabo. Vossa excelência vai ter que prestar conta lá, pelo presente ou pelo passado. E pode estar perto. A palidez de vossa excelência está indicando que é em breve isso". Foi com este tom que terminou uma discussão, nesta quinta-feira, entre os senadores Jader Barbalho e Romeu Tuma, no Conselho de Ética do Senado brasileiro. Tuma afirmou ter sido ameaçado de morte. A sessão, marcada para a votação do relatório assinado por Tuma, pedindo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra Barbalho, foi interrompida, porque o senador do Partido da Frente Liberal (PFL) sentiu-se mal. Tuma, que é cardíaco, chegou a ser atendido pela equipe médica que faz plantão no Senado. Restabelecido, o senador comentou que entendeu as palavras de Barbalho como uma ameaça de morte: "Ele fez uma ameaça que vai me levar à presença de Deus e do demônio para me julgar o mais rápido possível. Eu acho se você analisar friamente, foi uma ameaça de morte". A polêmica sessão teve início na parte da manhã e foi dada a palavra a Barbalho para a apresentação de sua defesa. Em seu discurso, o senador, suspeito de desvio de recursos do Banco do estado do Pará (Banpará), insinuou "má-fé" por parte de Tuma nas investigações sobre o caso. Barbalho fez referências ao passado de Tuma, ex-diretor do extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que existia à época dos governos militares e que, comprovadamente, organizou e executou tortura de presos políticos. "Na época da ditadura, eu imagino o quanto se montava farsas nas dependências do Dops para incriminar preso político", disse Jader, lembrando que o senador fez o mesmo, agora, para tentar incriminá-lo, montando uma "farsa" em suas investigações. Tuma, que jamais foi denunciado como torturador por nenhum preso político durante a sua gestão no Dops de São Paulo, rebateu a crítica do colega, dando início à discussão. Barbalho diz que não renunciará Barbalho desmentiu a afirmação que fez no dia anterior de que estava meditando sobre uma possível renúncia do mandato: "Não existe isso", afirmou. Ao encerrar sua exposição no Conselho de Ética, Barbalho disse ter demonstrado, com documentos, que não mentiu em Plenário e nem em depoimento à comissão especial do Conselho de Ética. "Se o conselho cometer a violência de propor a cassação de seu mandato, ingressarei na história do Senado como um injustiçado. Quero dizer ao povo do Brasil que, se não tivesse enfrentado o senador Antônio Carlos Magalhães, nem concorrido à Presidência do Senado, continuaria percorrendo os corredores desta Casa lampeiro, como o fazem aqueles que pretendem ser meus algozes", declarou. A sessão que irá decidir sobre a abertura de processo contra Barbalho foi iniciada nesta tarde e a votação deverá acontecer até à noite. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) tem apenas cinco, entre os 15 votos dos conselheiros, e deve tentar proteger Barbalho. Mas a expectativa é a de que o processo por quebra de decoro parlamentar seja aberto e que Barbalho renuncie ao mandato até o início da próxima semana, para não perder os direitos políticos e concorrer ao governo do estado do Pará, em 2002.

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo