A tarefa, porém, não será fácil. Diante da escolha dos dirigentes estaduais dos tucanos, neste fim de semana, a tendência é que as rachaduras no ninho se aprofundem. Ainda mais.
Por Redação - de Belo Horizonte, Brasília e João Pessoa
O novo presidente interino do PSDB, ex-governador Alberto Goldman, concluía nesta sexta-feira a criação de uma comissão eleitoral para a disputa interna pelo comando do partido. Segundo o novo dirigente, o colegiado terá como objetivo trabalhar pela unidade tucana. Na véspera, crise interna que divide a legenda se agravou. Por decisão do senador Aécio Neves (MG), o colega Tasso Jereissati (CE) foi destituído do comando da sigla.
— A comissão será responsável pela organização política da convenção — disse o ex-governador.
A tarefa, porém, não será fácil. Diante da escolha dos dirigentes estaduais dos tucanos, neste fim de semana, a tendência é que as rachaduras no ninho se aprofundem, ainda mais. Enquanto o Estado de Goiás, liderado por Marconi Perillo, concorre com o apoio da facção liderada por Neves, com a mão invisível do presidente de facto, Michel Temer, por detrás, a candidatura de Jereissati cresce nos demais Estados da Federação.
Afastamento
Presidente de PSDB em Minas Gerais, o deputado federal Domingos Sávio, partiu para cima do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) após ele ter dito a jornalistas que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) “se revelou um coronel de quinta categoria”. Sávio é aliado de Neves e integra a base de apoio ao governo. Ele rebateu, dizendo que “antes de apontar o dedo para quem vem dedicando sua vida pública ao PSDB, há 30 anos (sem citar o nome de Aécio Neves), o recém-chegado ao partido Ricardo Ferraço deveria deixar por alguns minutos o oportunismo de lado; e explicar a denúncia de ter recebido R$ 400 mil em propina da Odebrecht. E o desvio de verba de representação, que é objeto de processo que corre no STF”.
O tempo anda mais quente que o normal também na Paraíba. Prestes a ser reconduzido à presidência do partido, naquele Estado, o deputado Ruy Carneiro condenou na manhã desta sexta-feira as tentativas do senador Aécio Neves de interferir na eleição do novo diretório nacional do partido; com claro apoio do governo Michel Temer.
Jereissati tem defendido o afastamento do PSDB do governo, ao contrário de Aécio Neves.
— Vamos votar em peso na candidatura do senador Tasso porque é quem representa o PSDB verdadeiramente comprometido com as bandeiras éticas e as transformações que o Brasil precisa para retomar sua agenda de crescimento e desenvolvimento econômico — disse Ruy.
Eleições regionais
Neste sábado, durante convenção estadual, a tendência é que seja reeleito para a Presidência do partido na Paraíba.
— Faz tempo que Aécio Neves já não nos representa e que a presença do PSDB no governo perdeu o sentido. O partido foi em função de seu compromisso com o país e com a estabilidade econômica e política. Mas agora extrapola todos os limites — disse, a jornalistas.
Para o senador paraibano Cássio Cunha Lima, que exerce forte liderança no partido, regionalmente, a candidatura de Tasso Jereissati – e conseqüente afastamento de Aécio Neves – não é nada súbito ou surpreendente. A aproximação de Cássio a Jereissati seria um reflexo de uma decisão anterior. Ele também defende o afastamento do governo Michel Temer. O tucano rompeu em maio com o governo. Ele chegou, na época, a fazer uma previsão, de que o governo morreria em 15 dias.
Quinze dias antes, porém, ele apareceu em uma selfie com Temer, tratando-o como ousado; responsável, comprometido com a modernidade do país.