Após a definição de amplo setor do PMDB por apoiar a candidatura do líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), para a Presidência da Câmara, em votação realizada na tarde desta terça-feira, a manhã desta quarta-feira foi de avaliação das candidaturas em curso no Congresso. Aldo Rebelo (PCdoB-SP) retomou seus contatos com os Estados para garantir que se mantém no posto, enquanto Arlindo Chinaglia (PT-SP) comemorou os 46 votos a favor, contra 11 votos para o adversário. Aliado de Chinaglia, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), disse que a proposta que mais sensibilizou a bancada foi a do PT.
- O PT reconhece o direito do PMDB de ocupar a primeira posição. No entanto, nosso partido optou por um acordo político. Neste primeiro biênio, o PMDB apóia a candidatura do deputado Arlindo Chinaglia, certo de que no segundo biênio, como comprometido, a proposta é de apoiar o PMDB - afirmou.
Tucanos na mira
Embora o apoio do PMDB seja uma força inconteste na eleição do próximo presidente da Câmara, os aliados de Aldo Rebelo ainda acreditam que há "espaço de sobra" para se consolidar o nome do candidato à reeleição, segundo o deputado Ciro Nogueira (PP-PI). O PMDB elegeu 89 deputados para a próxima legislatura, que começa no dia 2 de fevereiro, e o PT, 83, mas o total de 513 parlamentares inclui grande parte da oposição e de deputados não alinhados.
Com o apoio do PMDB ao petista, o PSDB passou a ser o alvo das investidas de ambos os candidatos. Chinaglia acredita que a posição assumida pelo PMDB vai ajudá-lo a conquistar o apoio dos tucanos.
- Essa decisão do PMDB, na minha opinião, vai ter uma forte influência na posição do PSDB. Por quê? Ele vem, por intermédio das suas variadas lideranças, dizendo que respeita e se orienta principalmente pela proporcionalidade, que é a orientação que o PT e o PMDB tiveram na linha de produzir o acordo de conhecimento público - disse.
Nesta quarta-feira, Chinaglia passou o dia em Porto Alegre, em conversas com a bancada gaúcha do PT e com a governadora do Estado, Yeda Crusius (PSDB). Ele também programou uma visita à Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Dissidentes
Aldo Rebelo, por sua vez, conta com os votos dos tucanos e o apoio dos dissidentes do PMDB. Ele disse respeitar a posição do PMDB, mas afirmou que tem o apoio de vários parlamentares da sigla. Aldo disse que em nenhum momento pensou em desistir da candidatura.
- Nunca cogitamos. A candidatura vai até a vitória, com apoio de partidos que integram a campanha e de parlamentares do PMDB - ressaltou.
Ele declarou já ter o apoio de PFL, PSB e PMN, além de seu próprio partido, o PCdoB, e disse estar em negociações com PSDB, PDT, PTB e PL. O presidente lembrou que, antes da legalização do PCdoB, foi filiado ao PMDB, e inclusive foi delegado na convenção do partido que indicou Tancredo Neves como candidato à Presidência da República para as eleições de 1985.
- Tenho laços históricos com o PMDB - disse.
Sem interferência
Aldo não fez críticas ao governo e disse que não houve interferência indevida do Planalto na decisão do PMDB de apoiar Chinaglia. Disse ainda que não pretende se apresentar como um candidato anti-PT.
- Minha candidatura pode combater idéias, mas não pessoas. Sou contra isolar partidos do governo e isolar partidos da oposição - afirmou.
Em relação aos salários dos parlamentares, Aldo disse que está preparando uma carta aos deputados com os compromissos de campanha. Um dos itens, segundo ele, serão os vencimentos. A carta deverá especificar uma forma de resolver o problema do teto geral para os servidores dos três poderes.
Renúncia
Para o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o apoio do PMDB apenas não basta. Ele disse, nesta quarta-feira, que espera que os demais partidos aliados peçam a Aldo que renuncie à candidatura, pa