Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 2025

Triste Ramadã em Jerusalém

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Sexta, 16 de Novembro de 2001 às 06:24, por: CdB

Os enfeites que normalmente são colocados nas ruas do mercado e da Esplanada das Mesquitas não estão lá desta vez. As tendas e as lojas não têm a mesma variedade de mercadorias comum à época. Este ano, Jerusalém não vai participar da festa do Ramadã. "Em 40 anos, nunca vi um Ramadã como este, a situação é desastrosa", avalia Omar Jabché, de 61 anos, vendedor de doces em Bab Jan el Zeit, bairro da Cidade Velha. Omar afirma que esta é a primeira vez que não há preparativos para o mês do Ramadã. "Estamos cansados e preocupados, além disso não há nada que permita ter esperança. Apesar disso, temos que continuar vivendo", disse. No pôr-do-sol apenas algumas dezenas de fiéis se encontram diante da mesquita de al-Aqsa, terceiro lugar santo do Islã. Outros poucos se dirigem à mesquita de Omar, que normalmente atrai milhares de fiéis às vésperas do Ramadã. Os palestinos dos territórios não podem ir a Jerusalém, porque o caminho está bloqueado. Depois do começo da Intifada, há 14 meses, Israel bloqueou os territórios e fechou as estradas que unem as diferentes localidades da Cisjordânia. As autoridades israelenses anunciaram uma flexibilização dessas sanções na ocasião do Ramadã. Em compensação, o bloqueio imposto desde a Intifada, que impede os palestinos de se locomoverem para trabalhar, continua em vigor. - Não há nada em Jerusalém, a cidade está vazia. Só alguns grupos de árabes israelenses conseguem chegar, os palestinos da Cisjordânia e de Gaza não podem chegar a Jerusalém e os moradores da cidade sofrem as repercussões do bloqueio e da Intifada - afirma Alnu Jadde, guia turístico. A situação econômica catastrófica e com o aumento do desemprego sem precedentes, a maioria dos palestinos não poderá preparar este ano comidas tradicionais servidas ao cair da noite, quando termina o jejum deste mês de oração. Segundo as últimas estatísticas oficiais, a taxa de desemprego chega a 365 nos territórios palestinos. Um dos principais importadores de alimentos da Cisjordânia, que pediu anonimato, declarou que acredita que será um "Ramadã negro", pois as pessoas não têm como comemorar.

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