A campanha à Presidência da Câmara continua cada vez mais intensa ao longo desta semana. Enquanto a Terceira Via - grupo parlamentar constituído de deputados não alinhados às candidaturas colocadas até hoje - articula um novo candidato, tanto Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que busca a reeleição, quanto o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avançam nos redutos da oposição em busca de votos. Entre os principais líderes da Terceira Via estão Luiza Erundina (PSB-SP), Gustavo Fruet (PSDB-PR), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Chico Alencar (Psol-RJ).
No final da noite desta segunda-feira, o PR - formado pelo PL, Prona e PSC - decidiu apoiar a candidatura de Chinaglia. Na reunião, 27 votaram pelo líder e seis votos foram para Aldo. O petista já obteve apoio do PMDB e do PSDB. No entanto, nos dois partidos há dissidências. Na reunião com a bancada do PMDB, com 90 parlamentares, dos 64 deputados presentes, 46 votaram pelo petista e 11 em Rebelo. No PSDB, o apoio a Chinaglia também não foi completo e recebeu críticas de integrantes de peso, como o líder da bancada no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), e o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
Para ser eleito em primeiro turno, o candidato precisa ter no mínimo 257 votos. As eleições ocorrem no dia 1º de fevereiro e o mandato é de dois anos.
Novo candidato
Os contatos, por telefone, estão cada vez mais ativos. Desde sábado à noite, até a manhã desta terça-feira, a Terceira Via se articula para o lançamento de um novo candidato na disputa pela presidência da Câmara. Gustavo Fruet foi escolhido, por aclamação, no final da tarde. Os "independentes", porém, têm um tempo cada vez menor para chegar ao objetivo de viabilizar um confronto com Aldo ou Chinaglia. Fruet, depois de consultado, disse aceitar cumprir o papel de representar os insatisfeitos da Câmara, mas quer a aprovação de parcela dos tucanos para seguir em frente.
O deputado Fernando Gabeira, um dos interessados no lançamento de uma nova candidatura à Presidência da Câmara, disse a jornalistas, na manhã desta terça, que as últimas arestas foram aparadas e Fruet sintetiza uma candidatura representativa do grupo.
- Entre todos do grupo há o entendimento de que o Gustavo Fruet cumprirá bem a sua missão - disse Gabeira.
Raul Jungmann (PPS-PE), que enfrenta um processo de investigação sobre desvios de verbas no Ministério do Desenvolvimento Agrário, ao ocupar a pasta durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, concorda que Fruet é "um bom nome".
- Realmente, só depende dele aceitar a candidatura - afirmou, pouco antes do encontro.
A reunião de Fruet e o grupo de tucanos, na manhã desta terça, em Brasília, foi organizada pelos deputados paulistas José Aníbal e Paulo Renato, que esperam conquistar o voto, de imediato, de 20 correligionários, o que Fruet considera um número suficiente para sustentar sua candidatura. Durante o encontro, Paulo Renato e José Aníbal avaliaram uma séria de sondagens junto aos principais líderes tucanos, realizada ao longo da última semana. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que respondeu às questões levantadas por Aníbal e Paulo Renato, prefere Fruet ao apoio incondicional ao candidato petista Arlindo Chinaglia. Ele foi brindado pelo líder Jutahy Magalhães (PSDB-BA) com o apoio de setores importantes do tucanato.
Embora sejam remotas as chances de Fruet vencer a eleição, FHC acredita que sua simples presença no cenário político poderá levar o pleito para o segundo turno, o que terminaria aumentando, pela inércia, a Terceira Via, que se opõe a Chinaglia, para um possível apoio a Aldo Rebelo.
Matéria atualizada às 20h51