Diante da pressão da indústria e do campo, setores influentes das forças de direita que atuam no país, Bolsonaro afirmou, nesta manhã, que poderá tentar negociar diretamente junto à Casa Branca.
Por Redação – de Brasília
O ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) tem sido alvo de pesadas críticas do empresariado que sustenta sua presença na política brasileira, desde a edição das tarifas de 50% dos EUA contra os produtos brasileiros que, segundo analistas políticos, ocorreram praticamente “a pedido” do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ou o filho ’02’ como é conhecido, que se mudou para o Estado norte-americano da Flórida com a missão de pressionar o governo daquele a país a intervir no Judiciário brasileiro e tentar livrar o pai da cadeia. Um grande empresário do agronegócio, ouvido na manhã desta quinta-feira pela reportagem do Correio do Brasil, no entanto, afirma que “dessa vez, (Bolsonaro) foi longe demais”.

— Serão milhares de famílias atingidas pela miséria, com o corte de empregos em setores que sustentam trabalhadores no campo e nas cidades. O Eduardo (Bolsonaro) nunca poderia ter pedido um castigo desses ao presidente Trump. Dessa vez, a besteira, para não dizer outra coisa, foi grande demais — afirmou o fazendeiro, preferindo o anonimato.
Tarifaço
Diante da pressão da indústria e do campo, setores influentes das forças de direita que atuam no país, Bolsonaro afirmou, nesta manhã, que poderá tentar negociar diretamente junto à Casa Branca, com o objetivo de reverter a ação do filho e impedir que o tarifaço imposto por Trump entre em vigor.
Interlocutores do ex-presidente disseram à mídia conservadora, nesta manhã, que a solução poderia neutralizar a narrativa da esquerda brasileira, que passa a ganhar tração junto à opinião pública, quanto à atuação de ’02’, nos Estados Unidos, contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
Além do empresariado, aliados políticos de Bolsonaro avaliam que esta já foi, até agora, a pior derrota para a direita desde o resultado das urnas, que reelegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. A ação de Trump, segundo analistas políticos, forneceu à esquerda um discurso consistente sobre a responsabilidade da família Bolsonaro na imposição das altas tarifas.
Telefonema
O episódio também derruba avanços obtidos por parlamentares conservadores na busca de metas como o projeto de anistia aos investigados pelos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023, que incluiriam Jair Bolsonaro.
A tentativa de evitar que a economia brasileira seja penalizada pelo tarifaço de Trump, no entanto, torna-se uma “confissão de culpa”, como afirmou a fonte, mas serviria como alívio junto à opinião pública quanto à percepção de que a medida e seus efeitos, apesar da articulação de Eduardo Bolsonaro, poderiam ser contornados para o bem da nação. Sem poder viajar aos EUA devido à suspensão de seu passaporte por ordem do STF, Bolsonaro poderá tentar reverter a decisão da Casa Branca por meio de um telefonema, intermediado pelo próprio ’02’.
Na melhor das hipóteses, Bolsonaro poderia mostrar sua influência sobre os filhos a ponto de remediar os prejuízos causados por suas ações; além de demonstrar sua proximidade ao presidente norte-americano. Ainda assim, devido à rejeição dos brasileiros a Donald Trump, o impacto junto à imagem de Bolsonaro torna-se irreversível, com tendência a piorar ainda mais após a sentença de prisão que poderá partir do STF até setembro deste ano, segundo cálculos de juristas consultados pelo CdB.
Dólar
Diante da capitulação de Bolsonaro, a ponto de precisar implorar ao aliado norte-americano para que volte atrás de um pedido que teria sido feito pelo próprio filho, ainda que na melhor das intenções, resta aos seus aliados tentar atribuir o episódio a uma suposta provocação do presidente Lula no discurso que proferiu durante a cúpula do BRICS, encerrada no Rio de Janeiro nesta segunda-feira, pela adoção de uma moeda comum para o grupo de países, com o objetivo de minar a força do dólar no comércio exterior, o que teria atraído a ira de Trump.
O próprio Bolsonaro teria relatado a aliados, segundo colunistas que o acompanham, que Trump teria interpretado o movimento como uma afronta aos EUA, o que teria facilitado o trabalho para ’02’ no pedido para que elevasse as tarifas contra o Brasil a 50%.
Assim, embora Trump tenha alegado que impôs uma penalização tão grave a um país com o qual os EUA mantêm uma balança comercial positiva há mais de 200 anos, em defesa de um suposto aliado, a razão por trás da medida seria uma possível ameaça à consistência do dólar. De nada valeria, portanto, um pedido de Bolsonaro para impedir que o tarifaço entre em vigor no próximo dia 1º de agosto.
Outra ação
Se Trump mantiver a decisão, portanto, o prejuízo para Bolsonaro será dobrado. Além de não exercer qualquer influência sobre o mandatário norte-americano, ficará exposto na ação de seu filho contra os interesses brasileiros.
Bolsonaro corre, ainda, o risco de se responder a mais uma ação junto ao STF, se ficar provado que houve uma ação deliberada junto à Casa Branca para a adoção de sanções econômicas contra o Brasil e administrativas às autoridades brasileiras, em especial contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.