Rio de Janeiro, 26 de Junho de 2025

Suspeitas sobre ações de Moro refletem na fragilidade de sua campanha

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Segunda, 07 de Fevereiro de 2022 às 11:26, por: CdB

A medida cautelar é motivada por possível sonegação de impostos sobre os pagamentos que o ex-juiz recebeu da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela recuperação judicial de empresas condenadas na Operação Lava Jato.

Por Redação, com RBA - de Brasília

A campanha do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) à Presidência da República segue frágil. Nas pesquisas eleitorais, o ex-ministro da Justiça não passa dos 7% e fica cada vez mais distante do segundo turno. Para a cientista política Rosemary Segurado, as suspeições sobre as ações de Moro, durante a operação Lava Jato e depois, fazem com que sua candidatura tenha um desempenho fraco.
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'Acredito que o fraco desempenho dele nas pesquisas já são a expressão da falta de confiança da população', diz Rosemary Segurado
Na última sexta-feira, o subprocurador-geral Lucas Furtado encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedido para que declare a indisponibilidade de bens do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. A medida cautelar é motivada por possível sonegação de impostos sobre os pagamentos que o ex-juiz recebeu da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela recuperação judicial de empresas condenadas na Operação Lava Jato. – Acredito que o fraco desempenho dele nas pesquisas já é a expressão da falta de confiança da população. A investigação feita pela Vaza Jato mostrava os conflitos de interesses dele e, assim que ele assume o ministério de Bolsonaro, já ficou mais claro ainda. Ele precisa prestar esclarecimentos, porque suas atuações são suspeitas e isso já reflete na sua campanha – afirmou a especialista, em entrevista ao jornalista Rodrigo Gomes, da Rádio Brasil Atual.

Da toga à política

A cientista política afirma que diversos atos deixaram Sergio Moro com pouca credibilidade na campanha, mas cita três casos principais: a prisão sem provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ida ao Ministério da Justiça do governo Bolsonaro e o contrato de trabalho assinado com a consultoria Alvarez & Marsal. Para ela, o ex-juiz soma muitos fatos que não foram devidamente explicados. – É curioso o tanto de questões mal explicadas envolve o ex-ministro e as escusas que ele dá nunca são suficientes para esclarecer. Primeiro, sua atuação Lava Jato interferiu no processo eleitoral de 2018, prendeu o favorito à vitória e, logo em seguida, foi o primeiro ministro do presidente que venceu. Depois, sai do ministério para trabalhar numa empresa que é responsável por fazer a reconversão de empresas condenadas pela Lava Jato. Todo esse processo deve uma explicação à população. É tudo muito suspeito e ele tenta se fazer vítima. Alguém que se coloca como o salvador do país precisa ser o primeiro a dar transparência aos seus atos – criticou.

Informações privilegiadas

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) protocolou no Ministério Público Federal (MPF), no mês passado, um pedido para que o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro seja investigado por ter prestado consultoria para a empresa Alvarez & Marsal. Para a advogada Tânia Oliveira, integrante da coordenação executiva da associação, o ex-juiz pode ter levado informações privilegiadas do seu antigo cargo para e empresa privada. Segundo ela, o pedido da ABJD é uma maneira da entidade cumprir sua “função democrática” para entender o contrato celebrado pelo pré-candidato do Podemos com a empresa. Segundo ela, o pedido é feito após o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), levantar o sigilo de todos os documentos dos autos do processo sobre os honorários recebidos por Moro. – O objeto desse pedido é para que o MPF instaure um inquérito para investigar a natureza dessa relação entre Moro e a empresa. Existe um conceito jurídico que chamamos de “porta giratória”, quando um servidor público migra para o privado, atua na mesma área e leva informações privilegiadas para beneficiar a empresa. Moro era o juiz da Lava Jato, que prejudicou empresas e a Alvarez representava-as nos processos de recuperação judicial – afirmou Tânia, ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual. A consultoria Alvarez & Marsal, para a qual Sergio Moro foi trabalhar depois que deixou o governo Bolsonaro, informou ao Tribunal de Contas da União (TCU) que 75% de todos os honorários que recebe no Brasil são provenientes de empresas investigadas pela Operação Lava Jato. Nos últimos anos, a consultoria recebeu quase R$ 42,5 milhões de empresas pilhadas pela atuação de Sergio Moro e do Ministério Público Federal. Diante de uma empresa que lucra com outras, investigadas por Moro, a representante da ABJD afirma que não acredita que não houve influência do ex-juiz nesses processos de recuperação judicial. “Ele levou consigo uma série de informações privilegiadas. Tráfego de influência é um crime, e ele pode ter cometido”, alertou. Segundo ela, é preciso saber a natureza dos serviços prestados por Moro, não só o quanto recebeu. “Ele tem uma série de informações privilegiadas, com um conflito de interesse. Ele era um diretor na empresa, segundo o site da Alvarez & Marsal, mas dizia que trabalhava com consultoria. Portanto, a investigação vai ajudar a entender se ele descumpriu a lei de conflito de interesse. Não é só preciso revelar os valores que recebeu, mas como atuou dentro da empresa”, acrescentou.
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