Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Sono ruim afeta cérebro e desempenho no trabalho

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Quinta, 15 de Maio de 2025 às 12:51, por: CdB

Falta de descanso adequado impacta humor, produtividade e saúde mental de forma direta, segundo pesquisas da USP e do Ministério da Saúde.

Por Redação, com CartaCapital e ABr – de São Paulo

Qualidade do sono interfere na saúde mental e no rendimento diário. Dados da Universidade de São Paulo mostram que mais de 65% dos brasileiros têm dificuldades para dormir.

Sono ruim afeta cérebro e desempenho no trabalho | Pesquisas ligam sono ruim a baixa produtividade
Pesquisas ligam sono ruim a baixa produtividade

Esse problema ganhou relevância nacional pelos efeitos diretos no equilíbrio emocional e nas funções cognitivas.

Além disso, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 80% das pessoas com depressão também apresentam distúrbios do sono.

A falta de descanso adequado afeta a produção de neurotransmissores como a serotonina, associada à sensação de bem-estar.

Consequentemente, esse desequilíbrio contribui para o aumento de casos de estresse, ansiedade e alterações de humor.

Rotina acelerada dificulta o descanso adequado

Nos grandes centros urbanos, o ritmo intenso de trabalho e o excesso de estímulos têm dificultado o repouso noturno.

Com isso, o uso constante de dispositivos eletrônicos agrava o cenário de privação de sono.

Esse desgaste acumulado impacta não só a saúde individual, mas também o desempenho nas atividades diárias.

No ambiente de trabalho, por exemplo, funcionários que dormem mal relatam maior dificuldade de concentração.

Além disso, também enfrentam quedas de produtividade e níveis mais altos de irritabilidade.

Ambiente de descanso influencia a recuperação física e mental

Para reduzir os efeitos da privação de sono, é necessário repensar o espaço doméstico.

A adoção de colchões confortáveis, lençóis de boa qualidade e o controle da iluminação podem melhorar a qualidade do descanso.

Outra medida eficaz é evitar o uso de telas no período noturno.

Essas práticas estão alinhadas ao conceito de slow living, que propõe desacelerar e valorizar o momento presente.

Nesse contexto, o quarto se transforma em um espaço de cuidado e reconexão.

Cuidar do sono é investir na saúde mental

De acordo com o artigo assinado por Rafael Salomão, “é no quarto que conseguimos desacelerar e nos reconectar com o autocuidado”.

Salomão é CEO da Hoomy, empresa especializada em produtos para cama, mesa e banho.

Ele defende que itens adequados podem tornar o sono mais restaurador e contribuir para o equilíbrio emocional.

Segundo o autor, dormir bem é uma necessidade básica para a saúde mental e física.

Portanto, adotar pequenas mudanças na rotina pode gerar benefícios duradouros, e muitas dessas mudanças começam dentro do próprio quarto.

Mau humor e falta de foco podem indicar distúrbios do sono

Sensação de cansaço constante, dificuldade para dormir ou agitação são sintomas que impactam a qualidade de vida de 72% dos brasileiros, de acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na última sexta-feira, foi celebrado o Dia Mundial do Sono, com o tema Faça da Saúde do Sono uma Prioridade, enfatizando a necessidade de ter uma boa saúde de sono para uma boa qualidade de vida. A primeira comemoração da data foi feita em 2008, com o propósito de promover a saúde do sono e conscientizar a população.

O tratamento de distúrbios do sono pode ser feito por diferentes profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras, otorrinolaringologistas, neurologistas entre outros profissionais. A necessidade de recorrer a algum profissional varia de acordo com o motivo da falta de sono do paciente. O médico otorrinolaringologista, Edilson Zancanella, coordenador do Conselho de Administração da Academia Brasileira do Sono e atual representante da Sociedade Mundial do Sono na América Latina, explica como o comportamento diurno é importante para analisar quais sinais de alerta para distúrbios do sono.

– A pessoa que passa a ficar esquecida, fica mal-humorada, passa a ter problemas em manter a atenção, além de ter sono durante o dia. Também é comum despertar com a sensação de que está cansado e que o sono não deu conta da sua necessidade – elenca o médico.

De acordo com Zancanella, outro sinal importante é o ronco. “Esses são os sinais de alerta que a gente sempre tenta salientar e são características que o paciente consegue perceber”, complementa.

O especialista também fala sobre a importância de manter hábitos saudáveis de higiene do sono para melhorar a qualidade de vida, a concentração e a produtividade durante o dia.

– É importante ter regularidade no horário de deitar e no horário de levantar, tentando criar um hábito que seja adequado, ou seja, a preparação para dormir. É aquilo que você faz 30 minutos antes de deitar na cama, como desligar o celular, pôr o pijama, escovar os dentes, criar um ritual. É bom que esse ritual tenha um horário regular. O nosso organismo funciona muito bem com regularidade. E quando a gente não tem um horário fixo para deitar e para dormir, isso sempre vai atrapalhar e vai criar demandas diferentes daquilo que o organismo necessita.

Distúrbios do sono

Entre os distúrbios do sono mais conhecidos, está a paralisia do sono. Ao acordar, muitas vezes o paciente com essa condição não consegue falar ou realizar movimentos simples do corpo. 

É o caso da estudante Jackie Viana (20). Ela tem episódios frequentes desde os 12 anos de idade, quando foi diagnosticada com o distúrbio. Como a condição interfere negativamente na qualidade de vida dela, a estudante passou a usar estratégias para dormir melhor. 

– Normalmente, utilizo sons que me acalmam ou, em alguns casos, recorro a remédios para dormir. Para me acalmar, gosto de ler antes de dormir, pois isso me ajuda a relaxar e desacelerar a mente.

Outros distúrbios são a insônia e a apneia do sono, que têm picos de diagnósticos algumas idades mas podem aparecer em qualquer faixa etária, de acordo com Zancanella.

– A insônia é mais frequente em mulheres pós-menopausa, influenciada por alterações hormonais relacionadas ao climatério. Já a apneia do sono é mais frequente em homens a partir dos 45 anos com sobrepeso. Mas a apneia do sono pode acontecer desde a infância, e a insônia também pode acontecer na adolescência – explica o especialista.

Dicas para melhorar a qualidade do sonho

Ter regularidade no horário de deitar e no horário de acordar.

Apostar em alimentação saudável e leve antes de dormir.

Diminuir ruídos e manter o ambiente escuro à noite

Evitar o uso de telas por pelo menos uma hora antes de dormir.

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