Rio de Janeiro, 17 de Junho de 2025

Sistema de proteção social foi destruído no Brasil, alerta Belluzzo

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Terça, 06 de Agosto de 2019 às 15:52, por: CdB

“O que estamos assistindo é uma dissolução global da forma de organização da sociedade, para entregar ao mercado a direção das nossas vidas”. A afirmação é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

 
Por Redação, com RBA - de São Paulo
  Com a presença do economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luiz Gonzaga Belluzzo, a executiva nacional do PT e a Fundação Perseu Abramo realizaram, na noite desta segunda-feira, o primeiro de uma série de debates no contexto preparatório do 7º Congresso Nacional do partido.
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O economista Luiz Gonzaga Belluzzo falou, em palestra na Fundação Perseu Abramo
A abertura promoveu a discussão do tema “Capitalismo x Democracia”, com apresentação da presidenta nacional da legenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). Gleisi inaugurou a série dizendo, brevemente, que o país vive “uma faceta das mais perversas do capitalismo, em que a democracia está sendo colocada de lado”. O professor da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Rugitsky não pôde comparecer ao evento, que teve a presença dos ex-ministros Luiz Dulci, organizador do ciclo de debates, e Gilberto Carvalho, do ex-presidente da legenda José Genoino e dos ex-senadores Lindbergh Farias e Eduardo Suplicy.

Colapso

Belluzzo discorreu sobre o processo histórico que culmina, no Brasil de 2019, com a destruição de sistemas de proteção social que foram sendo construídos no mundo após a Segunda Guerra Mundial, e que no país é simbolizado pela principal reforma em marcha. — O que estamos assistindo é uma dissolução global da forma de organização da sociedade (fundada no Estado do bem-estar social), para entregar ao mercado a direção das nossas vidas. Assistimos isso na reforma da Previdência, sistema baseado nos regimes de previdência por repartição simples, regimes de solidariedade, construídos sob os princípios do bem-estar social — disse. O economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia e da Unicamp, dialogou com Belluzzo sobre a nova condição de precarização do trabalho no contexto de devastação de direitos que se dá, hoje, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Para Pochmann, há na atualidade um colapso da sociedade baseada no trabalho assalariado. — Que perspectiva teríamos nesse capitalismo em que se questiona as possibilidades do trabalho do assalariado? — questionou.

Democracia

Na opinião de Belluzzo, “precisamos ter claro que o capitalismo na forma atual está a destruir o assalariamento.” Ele observou que, com a robotização, são estabelecidas novas relações, em que a produtividade sobe, mas as pessoas perdem o emprego. — Essas plataformas reduzem todo mundo a empreendedores de si mesmos, como trabalhador independente — afirmou. O sistema de relações é hoje a negação dos princípios de solidariedade, inclusão e democracia instituídos na Europa do pós-Segunda Guerra Mundial, disse Belluzzo. — Hoje, o sistema de relações é a negação disso. Não se quer a compreensão, mas a afirmação — acrescentou.

Realidade

Para ele, “a maior ameaça à democracia são as redes sociais, que impedem a compreensão” da realidade por parte dos cidadãos. — Produziu-se um processo devastação da capacidade de os indivíduos compreenderem. Assistimos à demolição das articulações do que foi construído lá atrás — afirmou. Porém, como sempre, e sem deixar de reafirmar ser palmeirense, ele se afirma otimista, apesar da realidade. — Os que nos se sucederem vão tentar recuperar o projeto da autonomia, da liberdade e da igualdade e nós vamos nos livrar disso — concluiu.
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