Rio de Janeiro, 18 de Setembro de 2025

Secretário admite dificuldade em prender milícias

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Quinta, 08 de Fevereiro de 2007 às 08:10, por: CdB

O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, reconheceu a expansão das milícias nas favelas fluminenses e admitiu que não existe um enquadramento legal para punir os integrantes desses grupos paramilitares. Beltrame afirmou, entretanto, que o governo do Estado promete um contra-ataque contra os grupos.

Porém Beltrame, assegurou nesta quinta-feira que o serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança já investiga a atuação de milícias em comunidades da Ilha do Governador, em Cordovil  e em outros pontos da Região Metropolitana do Rio e afirmou que não haverá trégua aos bandidos.

Mas, segundo o secretário, não existe a figura penal 'milícia'. - Nem o código nem o instituto penal contemplam a figura milícia. O que caracteriza a milícia carioca, o fenômeno que está acontecendo aqui é uma série de desvios de condutas administrativas penais - disse Beltrame.
 
O secretário argumentou que os desvios de conduta dos policiais que vendem segurança, usam arma fora do horário de serviço, usam identidade policial para dizer que é polícia e está em condições de prestar serviço precisam ser enquadrados na lei. - Não me adianta ir num lugar hoje e ver que aquela pessoa que está ali é bombeiro que está armado. Eu levo ele para fazer um procedimento (registrar uma irregularidade contra ele) numa delegacia e vou sair dali com ele (solto), porque não tem força, expressão judicial - afirmou.
 
As milícias já estariam presentes em mais de 90 comunidades do Rio de Janeiro. O secretário, no entanto, não quis precisar um número, alegando que não se pode banalizar o tema, mas admitiu que tem em bastante comunidades.
 
Beltrame afirmou que haverá uma ação das forças de segurança na dimensão que o fenômeno requer. O secretário, que assumiu a pasta no início do ano, não descartou o uso da Força Nacional de Segurança (FNS), que está no Estado desde o mês passado, no combate às milícias.
 
Apesar dos entraves legais, ele reconheceu que deve haver agilidade para acalmar determinadas angústias da população, subjugada a um poder ilegal. - A resposta a população vai ter. Nós vamos dar essa reposta - prometeu. Segundo o secretário, a motivação dos policiais que agem ilegalmente se baseia na falsa ilusão do dinheiro fácil.
 
As milícias são grupos formados por ex-policiais e policiais da ativa, que atuam fora de serviço, que expulsam os traficantes das favelas, cobrando taxas dos moradores e prometendo segurança nas comunidades.
 
O fenômeno vem aumentando no Rio de Janeiro e no último fim de semana confrontos entre traficantes e milicianos resultaram na morte de sete pessoas, deixando outras dez feridas.

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