Moradores do Acampamento dos Engenheiros também reclamam de abusos e brutalidade por parte da GCM. Moradora corre o risco de ter a perna amputada
Por Redação, com RBA - de São Paulo:
Moradores do Acampamento dos Engenheiros, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, estão sendo despejados pela prefeitura, que toma por base um cadastro desatualizado na Secretaria de Habitação para remover a comunidade. Além disso, as 511 famílias que vivem no local denunciam abusos sofridos pelos agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
Atingida por uma bomba de gás lacrimogênio, Iranilda Maria Júlia corre o risco de ter de amputar a perna. "Quando cheguei lá, começaram a soltar a bomba, aí fui pra frente da casa. O policial olhou pra gente, jogou bomba. Agora o médico falou que está perigoso, pois a infecção pode chegar no osso e eu perco a perna", relata, em entrevista ao repórter André Gianocari, da TVT.
Morador
O auxiliar de limpeza e morador do acampamento Pedro Santos da Rocha afirma que a gestão do prefeito Orlando Morando (PSDB) é desumana. "Está sendo muito difícil. É uma cena muito cruel. Aqui a gente é tratado como bicho, e não como seres humanos. Não somos reconhecidos."
A área onde está o Acampamento dos Engenheiros, em São Bernardo, foi ocupada há mais de 30 anos. A justificativa do despejo é que as famílias não têm cadastro na Secretaria de Habitação, mas na verdade os cadastros estão desatualizados.
As ações de despejo da prefeitura começaram há um mês, para impedir uma nova ocupação que começava a se instalar no terreno. O resultado, no entanto, está sendo a retirada ilegal de todas as famílias do acampamento. "Em 2009, como a comunidade cresceu, foi feito um novo recadastramento. Mas eu estou aqui desde 2005 e estão falando que não tenho cadastro", conta a líder comunitária local Mônica Melchiades.
Uma das casas derrubadas é de Aleir Gomes, que está desempregado e não têm para onde ir. "Quando eu fui lá na Habitação falaram: 'A qualquer momento vai sair', mas não vieram explicando, já vieram arregaçando. O prefeito só é homem pra vir aqui por cima, num helicóptero, mas não é pessoa para vir aqui falar com a comunidade", afirma.
A TVT entrou em contato com a prefeitura de São Bernardo sobre o assunto, mas não obteve resposta.
Sem-terra são despejados
Cerca de 180 famílias de agricultores sem-terra do acampamento Marcelino Chiarello, que fica nos municípios de Xanxerê e Faxinal dos Guedes, interior de Santa Catarina, estão sendo obrigadas a abandonar a área na quarta-feira. Forte aparato policial, com tropa de choque, cavalaria e helicóptero, foi mobilizado para cumprimento de decisão liminar de reintegração de posse.
Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), trata-se de uma área pública, que está em nome do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); e da qual a empresa Sementes Prezzotto havia tomado posse. A região foi ocupada pelos trabalhadores há cerca de um ano e meio. Agora, decisão da comarca de Chapecó decidiu restituir a propriedade que possui mais de mil hectares à família Prezzotto.
Cerca de 200 hectares estão plantados com milho, feijão, hortaliças; além da criação de animais, que servem à subsistência das famílias, que estão sendo obrigadas a desmontar os barracos deixando para trás parte da produção. As crianças, que estudam em uma escola da região, correm o risco de perder o ano letivo. "É tirar nossa comida. Como vão alimentar nosso filhos? E nossos produtos e nossas plantas? E os meus animais?", reclamam os moradores.
Os sem-terra contestam ainda a decisão pela desocupação, pois, segundo eles, uma audiência estaria marcada, em Brasília, com representantes do Incra no próximo dia 6.