Rio de Janeiro, 09 de Setembro de 2025

Rocinha vive clima de tensão, tiroteio e mortes após prisão de Rogério 157

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Quinta, 07 de Dezembro de 2017 às 08:51, por: CdB

Os confrontos voltaram a se intensificar e a polícia não descarta a possibilidade de uma retomada da disputa entre facções rivais

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:

Depois da prisão, do chefe do tráfico da Rocinha, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, durante ação policial no Parque Arará, na Zona Norte do Rio, a favela vive clima de tensão, tiroteio e mortes desde a noite anterior.

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Forças Armadas voltam à Rocinha para auxiliar a polícia em buscas no entorno da comunidade

A segurança foi reforçada na comunidade, onde dois traficantes morreram, na quarta-feira à noite, após troca de tiros entre policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque. Segundo relatos, os policiais faziam uma operação na favela, quando entraram em confronto com criminosos na altura da Rua 2.

Eles foram levados para o Hospital Miguel Couto, mas já chegaram mortos. Os nomes dos dois não foram divulgados pela polícia, que fez buscas na região e apreendeu duas pistolas; uma granada, farta munição e cerca de 35 quilos de maconha.

O policiamento continuou reforçado nesta quinta-feira na favela, uma das maiores da América Latina. Os confrontos voltaram a se intensificar e a polícia não descarta a possibilidade de uma retomada da disputa entre facções rivais; pelo controle dos pontos de venda de entorpecentes.

Rogério 157

O chefe do trafico na Favela da Rocinha, Rogério Avelino da Silva, está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste da cidade. A Secretaria de Segurança acredita que conseguirá  autorização do Departamento Penitenciário (Depen), do Ministério da Justiça; para que o traficante seja transferido ainda a um presídio federal fora do Rio. Ele foi levado para Gericinó, depois de ter prestado depoimento na Cidade da Polícia.

A Secretaria de Segurança deve encaminhar ofício ao Tribunal de Justiça do Rio solicitando a transferência.

Prisão do traficante

O traficante Rogério Avelino da Silva, estava desarmado quando foi preso na manhã de quarta- feira, e ofereceu "resolver a vida" dos policiais civis que efetuaram sua prisão. As informações foram contadas pelo delegado Gabriel Ferrando, da 12ª DP, que comandou a equipe que prendeu o criminoso.

– Ele não chegou a oferecer [suborno], mas, notem, a ousadia foi tanta, que ele chegou a insinuar que a nossa vida estaria resolvida – disse o delegado, que participou da operação integrada entre as forças estaduais e federais de segurança pública e defesa. Outras seis pessoas foram presas nas comunidades, e dois menores foram apreendidos.

Segundo Ferrando, uma conjugação de informações reunidas pela Inteligência da Polícia Civil permitiu identificar pontos em que havia "grandes chances" de encontrar Rogério 157 nas favelas do Mandela, Mangueira, Tuiuti e Arará, onde ele foi efetivamente localizado.

Reconhecimento

Os policiais encontraram o criminoso em uma casa na comunidade, e ele tentou se passar por outra pessoa. A Polícia Civil, no entanto, havia destacado policiais que trabalharam na Rocinha e conheciam a fisionomia de Rogério 157 que, segundo as investigações, havia coberto tatuagens e cicatrizes para dificultar o reconhecimento.

– (Rogério 157) não ofereceu resistência. Ele tentou se passar por outra pessoa. Mas havia policiais capacitados que prontamente o reconheceram – disse o delegado. "Policiais que já o haviam investigado e com um conhecimento mais detalhado dos seus traços fisionômicos foram fundamentais para essa prisão".

O delegado destacou o trabalho de inteligência e a integração  com as forças federais permitiu prender o criminoso no interior de uma comunidade, sem que houvesse troca de tiros. "Se não é um cenário como o que foi montado no dia de hoje, dificilmente ele seria encontrado tão vulnerável".

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá, disse que vai pedir a transferência do criminoso para um presídio federal, com o objetivo de dificultar a comunicação dele com a quadrilha que comanda. O secretário disse considerar a prisão emblemática e parabenizou o trabalho das forças de segurança.

– Foi uma prisão emblemática muito embora eu não goste de enaltecer nem glamourizar criminoso – disse.

O secretário de segurança pública destacou ainda o esforço de manter mais de 500 policiais militares na Rocinha diariamente; para impedir a atuação das quadrilhas de Rogério 157 e Nem, que disputam o controle do crime organizado. Durante a manhã de quarta, tiros foram ouvidos na comunidade e; segundo o secretário, os disparos foram feitos por criminosos rivais que comemoravam a prisão de Rogério 157.

Forças de segurança

Segundo Sá, as forças de segurança continuarão monitorando a Rocinha; "em razão dos desdobramentos que a prisão do traficante pode ocasionar". "Temos diversos mandados de prisão que continuarão sendo cumpridos dia a dia".

O porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Roberto Itamar; disse acreditar que as operações integradas têm obtido resultados além de prisões e apreensões.

– Um exemplo é  a pressão que vem sendo feita pelas forças de segurança nas organizações criminosas, de maneira que tenham que se movimentar e; com isso, se mostrar melhor para os órgãos de inteligência – disse o coronel, que acrescentou: "Não há mais ponto na área metropolitana do Rio em que as forças de segurança e o Estado não possam chegar. As forças armadas vem propiciando essa possibilidade aos órgãos de segurança pública".

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