Agora, no nono dia da jornada, já em Pernambuco, a agenda da caravana reforça outras questões caras ao ex-presidente do ponto de vista social e estrutural.
Por Redação, com Cláudia Motta/RBA - de Recife
A passagem da Caravana Lula pelo Brasil, nos Estados da Bahia, Sergipe e Alagoas, tem sido marcada por dois dos grandes temas estruturantes da economia e do funcionamento do Estado brasileiro. Na concepção do ex-presidente, a questão da terra e a da educação são temas fundamentais.
Agora, no nono dia da jornada, já em Pernambuco, a agenda da caravana reforça outras questões caras ao ex-presidente do ponto de vista social e estrutural. Principalmente, as políticas de saúde, de planejamento urbano; e as obras de infraestrutura ligadas aos setores da indústria naval e do petróleo.
Nesta sexta-feira, segundo dia no Estado que é a terra natal de Lula, a caravana seguiu para Ipojuca, a uma hora de Recife. Ipojuca é a terra do Porto de Galinhas. É também uma das regiões mais ricas do Estado, em função do movimento do turismo. E, ao mesmo tempo, um dos polos industriais mais promissores do continente. Abriga um dos portos estatais tecnologicamente mais modernos, o de Suape.
Diesel fino
E, em função disso, desenvolveu uma estrutura forte da indústria naval. Foi uma das estrelas da era de crescimento econômico durante os governos Lula e Dilma. Ali foi instalado o maior estaleiro do hemisfério sul, o Estaleiro Atlântico. A instalação fabrica grandes navios de transporte de petróleo, perfuradores e plataformas.
E também em Ipojuca está a planta da Refinaria de Abreu e Lima, projetada para transformar óleo bruto, que o Brasil tem grande capacidade de extração; em diesel fino e menos poluente, caríssimo no mercado internacional. Ainda exige, porém, importações para dar conta de atender à demanda interna nacional.
A construção da refinaria começou em meados da década passada. Em 2014, quando atingiu capacidade de produzir 100 mil barris por dia e fornecer 40% do óleo diesel consumido no país, as obras foram paralisadas. Em 2014, não por coincidência, as maiores empresas de construção pesada do país tiveram suas atividades totalmente comprometidas em decorrência da Operação Lava Jato.
Empregos
Lula tem dito que a Justiça no Brasil deveria prender quem comete os crimes, o CPF. E não acabar com as empresas das quais a economia e os empregos do país dependem.
A expansão de Abreu e Lima parou e as obras só começaram a ser retomadas neste ano, mas com outra filosofia. A refinaria, pertencente à Petrobras, é muito cobiçada por investidores estrangeiros, que passaram a ter atenção maior do governo Temer. Nos governos de Lula e Dilma, tinham políticas que reservavam grande parte das operações do setor ao chamado “conteúdo nacional obrigatório” pela petroleira brasileira.
A presidenta Dilma Rousseff – que em Recife se incorporou à caravana – costumava dizer:
— Por que nós vamos comprar um parafuso lá fora se podemos estimular a fabricação desse mesmo parafuso; e de empregos, aqui dentro.
Efeito dominó
Para dar uma ideia do estrago, quando a Lava Jato foi deflagrada, em março de 2014, o IBGE apontava que o desemprego no Brasil atingia 7 milhões de pessoas. Hoje, já são 14 milhões sem ocupação.
Na indústria naval, que havia sido recuperada a partir de 2003 depois de décadas de abandono, o número de trabalhadores empregados caiu de 83 mil, no governo Dilma, para perto de 30 mil - e uma queda de 66% nessa área provoca um 'efeito dominó' em toda uma cadeia de fornecedores.
Cultura nordestina
Na véspera, com a chegada a Recife, Lula visitou o Museu do Cais do Sertão, inaugurado durante seu governo; e que mantém um memorial em homenagem ao rei do baião, Luiz Gonzaga. O ex-presidente visitou todo o acervo e ressaltou:
— As pessoas têm de conhecer esse museu para entender a força da cultura nordestina.
No início da noite, Lula se reuniu com equipes integrantes do programa Mais Médicos; para avaliar resultados na atenção básica, preventiva, e os prejuízos previstos com os sucessivos cortes de investimentos na área feitos pelo atual governo.
Lula destaca em seus discursos que Temer considera despesa com combate à pobreza, “gasto público”; o que ele vê como solução para a economia do país. Incluir os pobres no orçamento, que movimentam a economia enquanto trabalham e investem em seus planos e sonhos. Esta seria a solução.