No entanto, o documento, que foi elaborado pelas 16 agências americanas de inteligência, diz que o termo "guerra civil" não descreve adequadamente a complexidade do conflito no Iraque.
Segundo o relatório, a violência entre sunitas e xiitas é impulsionada pela crescente polarização da sociedade iraquiana, formada por um governo e forças de segurança fracos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a guerra no Iraque produziu o maior movimento de refugiados no Oriente Médio desde a criação de Israel, em 1948.
O documento observa que o conflito no Iraque também inclui violência interna entre xiitas, ataques de insurgentes sunitas e da rede Al-Qaeda às forças da coalizão e a violência criminal comum.
"Quatro guerras"
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, disse que o termo "guerra civil" simplifica a situação.
"Eu acredito que há essencialmente quatro guerras no Iraque: uma é a guerra interna entre xiitas, principalmente no sul; a segunda é o conflito sectário, principalmente em Bagdá; a terceira é a insurgência; e a quarta, a Al-Qaeda", disse Gates antes da divulgação do relatório.
O conselheiro nacional de segurança dos Estados Unidos, Steve Hadley, disse que o relatório traz "uma visão dura sobre o Iraque", mas que não contradiz os planos do presidente George W. Bush de enviar mais 21,5 mil soldados americanos ao país.
Em vez disso, "explica porque o presidente concluiu que uma nova estratégia era necessária", afirmou Hadley.
O documento afirma que, caso o nível de violência no Iraque permaneça inalterado, as conseqüências serão "sinistras".
- A menos que os esforços para reverter essas condições tenham progresso nos próximos 12 a 18 meses, a situação geral de segurança continuará a se deteriorar - diz.
O relatório afirma ainda que uma rápida retirada das forças americanas do país poderia levar a um aumento da violência sectária.
Segundo o correspondente da BBC em Washington Ian Watson, o governo Bush deverá usar o documento para justificar o envio de 21,5 mil soldados adicionais ao Iraque.
No entanto, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, afirmou que "nenhum número de soldados americanos será capaz de mudar" o ciclo mortal no Iraque.
- Nossa ênfase deve ser em trabalhar com os líderes iraquianos e seus vizinhos para produzir o tipo de avanço político e diplomático que representa a melhor chance de acabar com a violência - disse Pelosi.
No documento, as agências de inteligência também acusam o Irã e, em menor extensão, a Síria, de tornar a situação no Iraque pior.