Bolsonaro precisaria atrair o eleitorado que não pertence a sua base de apoiadores atual - ou seja, conquistar novos votos, se quisesse superar o atual campeão de votos, segundo as pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por Redação - do Rio de Janeiro
A entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao ‘Jornal Nacional’, da Rede Globo de Televisão, na noite desta segunda-feira, na avaliação de integrantes do candidato a um segundo mandato, deixou um "sabor de derrota”. Apesar da euforia demonstrada em público por aliados, o principal objetivo de Bolsonaro na conversa com William Bonner e Renata Vasconcellos não foi alcançado, segundo fontes ouvidas pela mídia conservadora.
Bonner e Renata faziam perguntas no tamanho certo para Bolsonaro responder sem dificuldades
Bolsonaro precisaria atrair o eleitorado que não pertence a sua base de apoiadores atual - ou seja, conquistar novos votos, se quisesse superar o atual campeão de votos, segundo as pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O mandatário bem que tentou demonstrar um ar mais 'moderado' ao garantir, sem qualquer evidência, que o confronto "está pacificado" entre ele e o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após tê-lo chamado de 'canalha' nas manifestações de 7 de setembro de 2021. No entanto, afirmou que apenas respeitará o resultado das urnas "desde que as eleições sejam limpas" e atribuiu aos militares a responsabilidade de vigiar a transparência do processo eleitoral - função que cabe ao TSE.
Na maior parte do tempo, Bolsonaro mentiu diante das câmeras que transmitiam o jornal para uma elevada audiência nacional. Ele repetiu informações enganosas sobre a pandemia de covid-19 e a integridade do processo eleitoral. Errou ao citar dados de desemprego da época da presidenta deposta Dilma Rousseff (PT) e distorceu informações sobre a situação e preservação do meio ambiente sob seu governo.
Barroso
Nos 40 minutos de entrevista, o presidente apresentou ao menos 13 informações falsas ou enganosas. A primeira delas foi dizer que nunca xingou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em mais de uma situação, no entanto, o presidente insultou os ministros Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral até o primeiro semestre deste ano, e Alexandre de Moraes, responsável por inquéritos que envolvem o presidente e seus aliados.
Em uma manifestação no dia 7 de Setembro na Avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro ameaçou não mais respeitar decisões do STF. Ele chamou Alexandre de Moraes de “canalha” e pediu que ele deixasse o cargo. Dois dias depois, criticou o inquérito dos atos antidemocráticos, comandado por Moraes, e xingou o ministro de “otário”.
Diante de apoiadores, na mesma data, Bolsonaro declarou que Luís Roberto Barroso era um “imbecil” por defender o sistema eleitoral eletrônico do País. “Resposta de um imbecil, lamento falar isso de uma autoridade do STF, só um idiota para fazer isso.”
Em 6 de agosto de 2021, Bolsonaro foi além e chamou Barroso de “aquele filho da puta” diante de apoiadores em Santa Catarina. Sua declaração foi transmitida ao vivo por sua conta no Facebook por volta das 14h50. Às 15h19, o vídeo havia sido apagado.
Em resumo
Em nenhum momento, porém, as mentiras de Bolsonaro ou a forma quase que carinhosa com que foi tratado pelos entrevistadores passou despercebida pela audiência. As redes sociais foram inundadas com memes e comentários negativos quanto às performances tanto do candidato quanto dos jornalistas.
Para o jornalista Fabio Lau, em uma nota publicada em um aplicativo, “na pergunta econômica, Bonner jogou uma boia para Bolsonaro atribuindo alta do dólar à Guerra da Ucrânia. O desemprego virou herança e foi o governo PT o causador dos altos índices: o JN omitiu fome, milícia, rachadinha, Queiroz, morte de adversários, invasão de terras indígenas…. Bolsonaro saiu feliz!”,
Para o jornalista e cineasta Marcelo Migliaccio, o ‘Jornal Nacional’ “pegou leve com Bolsonaro”.
“Quem lembra da agressividade de Bonner e Fátima Bernardes com Dilma em 2014 sabe disso. Claro, os donos da Globo e os grandes empresários que sustentam a emissora com seus anúncios amam Paulo Guedes. Bolsonaro estava em casa. Os apresentadores do JN agiram para colocá-lo no segundo turno”, acrescentou.
“Ainda segundo Migliaccio, “o inimigo é (e sempre será) Lula. Quinta-feira, se o petista for, os dois bonequinhos de bolo de casamento vão mostrar as garras. Ontem o que fizeram foi levantar a bola para o “mito” cortar. No humor, chama-se fazer escada. O que Dedé Santana fazia para Renato Aragão. No futebol, é marmelada”, disse ainda.
“A entrevista com Bolsonaro foi uma palhaçada, um jogo de compadres”, concluiu.