Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Redes sociais ampliam fenômeno dos bebês reborn, dizem especialistas

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Sábado, 14 de Junho de 2025 às 12:17, por: CdB

A “febre” também vem gerando consequências fora do mundo midiático. No Congresso, há projetos de lei visando proibir donos de bebês reborn de receber atendimento preferencial.

Por Redação, com DW – de Berlim

Os bebês reborn estão por toda parte. Ao menos, parece ser essa a realidade para quem se pauta pelas redes sociais e meios de comunicação brasileiros nas últimas semanas. O assunto das bonecas hiper-realistas está na boca dos influenciadores, nas matérias de jornais e, mais recentemente, virou tema no remake da novela Vale Tudo, da TV Globo.

Redes sociais ampliam fenômeno dos bebês reborn, dizem especialistas | As bonecas de bebês reborn inundam as redes sociais
As bonecas de bebês reborn inundam as redes sociais

A “febre” também vem gerando consequências fora do mundo midiático. No Congresso, há projetos de lei visando proibir donos de bebês reborn de receber atendimento preferencial. O desdobramento mais preocupante dessa repercussão exacerbada em torno do assunto, no entanto, ocorreu na semana passada, em Belo Horizonte.

Na ocasião, um homem de 36 anos agrediu, com um tapa, uma criança de 4 anos, que estava no colo da mãe em uma fila de uma lanchonete na capital mineira. Preso em flagrante por lesão corporal, o agressor afirmou ter confundido a criança com um bebê reborn, achando que os pais estariam utilizando-se dela para furar a fila no estabelecimento.

 

Fenômeno

A criança chegou a ser levada ao hospital com inchaço atrás da orelha. Já o autor do ataque foi solto dois dias depois pela Justiça, que determinou a ele o pagamento de uma fiança no valor de três salários-mínimos.

Segundo especialistas consultados pela agência alemã de notícias DW, neste sábado, o caso é representativo e mostra que a superexposição do fenômeno das bonecas nas redes sociais pode alcançar extremos bem mais prejudiciais do que o apego de colecionadores e apreciadores pelas réplicas. Além disso, eles acrescentam, há poucos indícios de que os bebês reborn sejam tão comuns nas ruas quanto o são no mundo digital.

Para a pesquisadora Cínthia Demaria, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é preciso ter cautela, pois o mundo da internet não é exatamente o do espaço público, apesar de que existam intercessões entre ambos.

 

Internet

— Essa interação entre virtual e real existe, não podemos ignorar. Cria-se uma realidade a partir daquilo que você compartilha, do que você pensa. Me questiono, por exemplo, se esse fenômeno [dos bebês reborn] seria tão grande se não fosse a internet. É preciso se perguntar até que ponto isso é um discurso que existe. Não é algo que se sai na rua e se vê — afirma a psicóloga.

Demaria aponta para a dimensão que as tendências das redes sociais têm tomado na difusão de conteúdo pela imprensa e por outros meios de comunicação de massa. A pesquisadora da UFMG acrescenta que esses trendings são também preferencialmente polêmicas.

— É claro que ganha repercussão muito maior um assunto onde todo mundo tem opinião para dar. Isso, para a rede social, é muito importante: segue a lógica do engajamento. O assunto dá voz, é um palco — resumiu.

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