Rio de Janeiro, 17 de Setembro de 2025

Rachaduras tucanas

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Domingo, 04 de Fevereiro de 2007 às 11:58, por: CdB

A vitória de Arlindo Chinaglia na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados causou rachaduras na base governista, cuja gravidade será melhor dimensionada nos próximos dias. Mas também expôs problemas no maior partido da oposição, o PSDB. No dia seguinte ao da disputa no Congresso, vários analistas políticos repetiram: os tucanos saíram divididos da eleição. Na verdade, o mais provável é que já tenham entrado divididos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendia apoio a Aldo Rebelo no segundo turno. Não foi ouvido. A voz dos governadores de Minas Gerais, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra, falou mais forte e boa parte da bancada tucana acabou votando no candidato petista no segundo turno entre Aldo e Chinaglia.

"Me preocupa muito a bancada ter começado dessa maneira", disse o tucano paulista Paulo Renato. "Foi o pior que poderia ter nos acontecido. Acentua nossa divisão", repetiu o deputado baiano Jutahy Junior. A moeda de troca usada por Serra e Aécio teria sido a eleição para a presidência das Assembléias Legislativas de seus respectivos estados. Cotados para disputar a presidência em 2010, a prioridade de ambos seria a de garantir estabilidade política em seus governos estaduais. Apesar das juras públicas de amor, Serra e Aécio já disputam essa corrida, um de olho nos movimentos do outro.

Na avaliação do jornalista Paulo Henrique Amorim, Aécio teve uma vitória sobre Serra nesta disputa. Em seu site, Conversa Afiada, Amorim credita essa vitória à eleição do tucano mineiro, Nárcio Rodrigues, para a vice-presidência da Câmara. "Desde o início, a combinação era Aécio apoiar um candidato do governo e eleger o vice. Foi o que aconteceu. Aécio Ganhou. Serra perdeu", escreve o jornalista. O site nacional do PSDB destaca, nesta sexta, a eleição do aliado de Aécio para a mesa da Câmara, assinalando que ele substituirá o presidente da Casa em suas ausências.

Na quinta-feira, Serra e Aécio Neves reuniram-se em Belo Horizonte em uma tentativa de mostrar que não há uma disputa políticas entre eles. A reunião foi motivada pela repercussão negativa em torno da ausência de Serra na reunião dos governadores, liderada por Aécio, que ocorreu segunda-feira. Os governadores tucanos teriam firmado um pacto para evitar a exposição pública da disputa que só vai se resolver em 2010.

Serra x FHC?
O jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, apresentou outra versão sobre a disputa travada por José Serra, no episódio da eleição da presidência da Câmara: ela não teria ocorrido com Aécio, mas sim com Fernando Henrique Cardoso. Citando uma conversa com "um petista para lá de ilustre", ele relata: "o Serra fez isso para derrotar o Fernando Henrique. Acabar com a tese de a oposição ter de radicalizar. Além dos mais, o Fernando Henrique se mostrou um cabo eleitoral péssimo na última campanha presidencial".

Nessa linha de raciocínio petista, prossegue Rodrigues, "o governador paulista teria percebido que não adianta lutar contra a realidade". "Apesar de suas duras críticas à falta de sofisticação do manejo petista da economia, Serra acredita que Lula fará o Brasil se mover num ritmo mais forte do que no primeiro mandato. O PIB vai crescer mais. São Paulo precisará ser parceiro desse desenvolvimento, não adversário. Ainda mais se o tucano for o candidato a presidente em 2010", conclui.

Fernando Henrique Cardoso entrou em campo, em janeiro, depois que uma consulta à bancada tucana feita pelo líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Junior, levou o partido a declarar apoio a Arlindo Chinaglia. O ex-presidente considerou a decisão precipitada e mobilizou aliados mais próximos, como Paulo Renato, José Aníbal e Tasso Jereissatti, para reverter a decisão. Esse movimento deu origem à candidatura de Gustavo Fruet, apresentada como uma terceira via. Mas a posição de FHC não sobreviveu ao segundo turno.

Além do ex-presidente, lideranças do PFL criticara

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