"Pro dia nascer feliz". O longa dirigido por João Jardim, estréia nesta sexta-feira, no Armazém Digital, no Rio de Janeiro, e mostra as angústias e inquietações vividas por adolescentes em escolas de todo o Brasil. O filme tem na produção Flávio Tambellini e como co-produtor a Globo filmes. Definido pelo próprio diretor como "um diário de observação da vida do adolescente no Brasil em seis escolas", o filme flagra o dia-a-dia e adentra a subjetividade de alunos e alunas e alguns professores nas seguintes cidades: Manari, Pernambuco, uma das cidades mais pobres do Brasil, a violenta Duque de Caxias, no Rio de Janeiro e no Estado de São Paulo, temos o rico bairro de Alto de Pinheiros na capital e a precária Itaquaquecetuba a 50km do centro da cidade. O filme fica em cartaz até o dia 8 de fevereiro.
- Eu parti para a idéia de fazer um corte longitudinal no país e mostrar diferentes Brasis -, diz o diretor.
A escolha do tema permite aos telespectadores identificarem, além dos problemas comuns a todo e qualquer adolescente dentro do ambiente escolar, questões como a desigualdade social e o impacto da banalização da violência no desenvolvimento de muitos desses jovens.
- A adolescência, na vida de todos nós, é um momento difícil, sofrido, prazeroso e com emoções sempre à flor da pele. Um momento em que as dificuldades de entender o mundo, e de se entender, afloram com muita intensidade e este foi o meu foco. Eu percebia no discurso de meninos e meninas de 15, 16 anos uma inquietação e um antagonismo muito grandes com relação à escola - o que, por um lado, é natural; mas, por outro, reflete a realidade da educação no Brasil. Segundo avaliações do próprio MEC, metade dos estudantes do ensino fundamental não sabe ler nem escrever direito. E é neste momento que a imensa maioria dos jovens aqui no Brasil percebe que suas perspectivas são muito limitadas, pois não lhes são dadas as ferramentas necessárias para seguir adiante -, destaca João.
As entrevistas são intercaladas com seqüências de observação do ambiente das escolas - meio, por sinal, bem pouco freqüentado pelo documentário brasileiro. Sem exercer interferência direta, a câmera flagra salas de aula, esquadrinha corredores, pátios e banheiros, testemunha uma reunião de conselho de classe (na qual os professores decidem o destino curricular dos alunos "difíceis") e momentos de relativa intimidade pessoal.
Premiado como melhor documentário nas categorias júri oficial, escolha do público e prêmio da juventude na 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, como melhor filme e melhor trilha sonora no Fetival de Gramado 2006, melhor fotografia de documentário pela Associação Brasileira de Cinematografia e prêmio especial do júri no 10º Cine PE, o filme é o segundo do João Jardim. O primeiro foi "Janela da Alama", que recebeu 11 premiações em 2002.
"Pro dia nascer feliz" conta a história de adolescentes brasileiros
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Sexta, 02 de Fevereiro de 2007 às 14:15, por: CdB