O presidente dedicou o reconhecimento aos valores que norteiam sua trajetória: justiça social, educação emancipadora e a luta pelos direitos dos excluídos.
Por Redação, com ABr – de Paris
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi agraciado, nesta sexta-feira, com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Paris 8, na França. Em seu discurso, Lula expressou gratidão e destacou o significado simbólico da homenagem.

— Recebo, com imensa alegria, o título de Doutor Honoris Causa concedido pela Universidade Paris 8. É uma honra ser o segundo brasileiro laureado, colocando-me ao lado de uma grande pensadora e filósofa, amiga, petista, Marilena Chauí — afirmou.
O presidente dedicou o reconhecimento aos valores que norteiam sua trajetória: justiça social, educação emancipadora e a luta pelos direitos dos excluídos.
Protestos
De volta às origens da Universidade Paris 8, fundada no calor dos protestos de 1968, Lula elogiou a vocação crítica e inclusiva da instituição.
— Paris 8 foi pioneira ao abrir as portas para os filhos da classe trabalhadora, os imigrantes, os que não tinham sobrenome famoso. Mostrou que o saber não é privilégio. É direito — acrescentou, ao lembrar a influência de pensadores como Foucault, Deleuze e do brasileiro Josué de Castro na formação de um pensamento transformador.
O presidente abordou, ainda, o papel da política como instrumento de enfrentamento da desigualdade, lembrando que o ensino superior no Brasil sempre foi elitizado até a chegada de governos progressistas ao poder.
— Foi preciso que um metalúrgico, sem diploma universitário, chegasse ao poder pelo voto popular para mudar essa realidade — observou, referindo-se à própria carreira.
Indígenas
O presidente citou conquistas dos governos petistas, como a expansão das universidades, a criação de institutos federais e a aprovação das políticas de ação afirmativa: “nos governos do Partido dos Trabalhadores consolidamos um modelo de ensino mais aberto e inclusivo”.
— Com a presidenta (deposta no golpe de Estado de 2016) Dilma Rousseff, aprovamos a Lei de ação afirmativa que mudou a cara dos egressos das universidades brasileiras — acrescentou.
O líder brasileiro anunciou também a criação da primeira Universidade Indígena do Brasil, prevista para 2026, após consultas com povos originários, e reforçou o compromisso de seu governo em combater a fome.
— Tirar o Brasil do mapa da fome, como fizemos em 2014, é o compromisso mais urgente do meu governo — reforçou.
Ultradireita
Em seu discurso, Lula também denunciou os ataques da ultradireita às instituições acadêmicas, traçando um paralelo entre o obscurantismo atual e os métodos repressivos das ditaduras latino-americanas.
— A extrema direita tem medo da educação porque sabe que é onde nasce a consciência — apontou.
Lula destacou, por fim, que a França tem papel histórico na proteção de intelectuais brasileiros perseguidos e defendeu as universidades como trincheiras da ciência, da arte e da liberdade de pensamento, especialmente diante dos desafios contemporâneos como o avanço das tecnologias digitais e a crise climática.