Medo das manifestações leva Thompson Flores a pedir reforço no patrulhamento em torno do Tribunal gaúcho. O recurso da defesa do ex-presidente Lula será julgado pela 8ª Turma TRF-IV na quarta-feira da próxima semana; em Porto Alegre (RS). A sentença a ser proferida está cercada de expectativa.
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
Presidente do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-IV), o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores reuniu-se, na manhã desta segunda-feira, com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. Na pauta, o julgamento do recurso de apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O líder petista foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro; no processo referente ao tríplex no Guarujá.
O recurso da defesa do ex-presidente será julgado pela 8ª Turma TRF-IV na quarta-feira da próxima semana; em Porto Alegre (RS). A sentença a ser proferida está cercada de expectativa. Uma decisão do colegiado poderá impedir uma nova candidatura de Lula; atual líder de pesquisas de intenção de voto, em todos os cenários.
A reunião, marcada com a presidente do STF a pedido do desembargador, teve por objetivo principal tratar da segurança do julgamento. O encontro durou uma hora e, na saída, Thompson Flores não quis falar com a imprensa. Ao ser abordado por jornalistas, disse apenas que, qualquer informação sobre o encontro será prestada pelo Supremo, se for o caso.
Pauta vazia
São esperados protestos de apoiadores de Lula nas imediações do Tribunal e o próprio TRF-IV, como medida preventiva de segurança, decidiu alterar o horário de expediente. Suspendeu, ainda, os prazos processuais nos dias 23 e 24 de janeiro; véspera e dia do julgamento, respectivamente.
O presidente do TRF-IV ainda teve duas agendas públicas em Brasília nesta segunda. Às 12h30, ele almoçou com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen; e às 16h30, tinha um encontro com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Para o jornalista Hélio Fernandes, fundador do jornal Tribuna da Imprensa, no entanto, o pedido de Flores sequer deveria ter sido aceito por Cármen Lúcia. Se o desembargador esta1 preocupado, segundo Fernandes, “a culpa e todas as consequências cabem exclusivamente a ele”.
‘Culpa dele’
“Há três meses deu entrevista á televisão, revelou e confirmou: ‘O julgamento do Lula não acontecerá antes de junho ou julho’. E explicou: ‘A pauta com processos que chegam de Curitiba, abarrotada, impossível desanuviar, muitos processos chegaram antes’. Tremenda repercussão, alegria para os lados do ex-presidente. Pânico para os que combatem Lula, e não conseguem tranquilidade com sua posição irrevogável nas pesquisas para o primeiro e segundo turno de 2018”, pontuou o jornalista, em sua página em uma rede social.
Ainda segundo Fernandes, “começaram a se movimentar. Mas ninguém acreditava na estranha e esdrúxula antecipação do julgamento. Seis meses antes do prazo marcado, com a pauta engarrafada, dominada pelos processos que chegaram há mais tempo. O presidente do TRF-IV não esperava essa repercussão negativa; apelou para Carmen Lucia. Generosa, aceitou, mas não pode fazer nada”.
“Haja o que houver no dia 24, o ex-presidente não ficará inelegível. Terá menos tempo para recurso, se a condenação for confirmada. Primeiro no próprio TRF-IV, depois no STJ, finalmente no STF. Em junho começa, oficialmente, a campanha eleitoral. O PT lançará sua candidatura; e os recursos ainda estarão no TRF-IV. Daí o desespero do seu presidente e o apelo para o encontro-conversa vazia desta segunda-feira”, conclui.