Especialistas e comercializadoras consultados pela agência inglesa de notícias Reuters avaliam que os preços devem permanecer mais altos e voláteis até o fim do ano, elevando custos tanto para o mercado regulado, com maior possibilidade de acionamento de bandeira tarifária amarela ou vermelha, quanto para o livre.
Por Redação, com Reuters – de São Paulo
Os preços de energia elétrica no Brasil dispararam em março, mais do que triplicando em relação aos níveis do mês anterior, com a piora das chuvas na reta final do período úmido sendo precificada por uma metodologia de formação de preços aprimorada e mais avessa a risco que entrou em vigor neste ano.

Especialistas e comercializadoras consultados pela agência inglesa de notícias Reuters avaliam que os preços devem permanecer mais altos e voláteis até o fim do ano, elevando custos tanto para o mercado regulado, com maior possibilidade de acionamento de bandeira tarifária amarela ou vermelha, quanto para o livre, com alta de preços nos contratos de energia para curto e médio prazos.
O preço de liquidação das diferenças (PLD), referência para negócios de curto prazo no mercado livre e também parâmetro para acionamento de bandeiras tarifárias, subiu de cerca de R$ 90 por megawatt-hora (MWh) em fevereiro para mais de R$ 300/MWh em março, situando-se em R$ 350/MWh na média da semana.
Pessimista
O salto reflete principalmente mudanças de metodologias e dos programas computacionais que calculam o PLD introduzidas pelo governo neste ano, com o objetivo de melhorar a valoração do custo da água para o Brasil, cuja matriz elétrica ainda é muito dependente das hidrelétricas, que funcionam como grandes “baterias” de armazenamento de energia.
A principal alteração que afetou os preços ocorreu no parâmetro de aversão a risco do modelo de formação do PLD, que se tornou pessimista, dando mais peso para possíveis cenários de seca extrema drenando os reservatórios de hidrelétricas.
— Antigamente era como se o modelo só pedisse para você colocar o cinto de segurança quando o carro já estava batendo. Esse modelo já pede para você colocar o cinto de segurança desde agora. Então ele começa a despachar térmicas preventivamente, para não ter essas mudanças abruptas — resumiu à Reuters Gustavo Ayala, CEO da comercializadora e geradora Bolt Energy.