Com forte aparato de segurança, que inclui tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, o Rio começou nesta quinta-feira a sediar a 32ª Reunião de Cúpula do Mercosul, que reúne 11 chefes de Estado da América do Sul. O evento, que acontecerá até sexta-feira modificou o esquema de segurança da cidade.
O reforço no patrulhamento pelos militares se somou ao novo sistema de policiamento das principais vias expressas do Rio, posto em prática esta semana pela Polícia Militar. Segundo o Comando Militar do Leste, que lidera o esquema especial de segurança preparado para a cúpula, as Forças Armadas atuam principalmente na segurança do evento, fazendo o patrulhamento de áreas estratégicas, como a Linha Vermelha e a avenida Brasil.
Na Linha Vermelha, mais de 100 soldados, armados de fuzis e metralhadoras, estão a postos em diferentes pontos da via expressa. Na avenida Brasil, um tanque de guerra foi posicionado próximo à favela Parque Alegria para fazer o patrulhamento da área, e soldados chegaram a montar barricadas com sacos de areia e mobilizar caminhões e jipes militares.
Logo na ponte que liga a Ilha do Governador à Linha Vermelha, pelo menos 20 soldados do Exército faziam a triagem dos carros que seguiam no sentido Galeão-Centro - caminho obrigatório para os chefes de Estado.
No restante do percurso, grupos de militares foram posicionados nas proximidades de favelas, como as do Complexo da Maré, em cima de viadutos e debaixo de passarelas de pedestres. Além das Forças Armadas, a Polícia Federal também montou um esquema especial para escoltar as comitivas presidenciais. Agentes de outros Estados já estão no Rio para participar da operação. Cada chefe de governo receberá uma escolta reforçada da PM durante a sua permanência no país.
Os agentes federais vão receber ajuda da Guarda Municipal no patrulhamento diante do Copacabana Palace e de outros hotéis, como o Sofitel Rio de Janeiro, onde estão hospedados alguns dos presidentes.
Em Copacabana, a Marinha reforçou a segurança posicionando uma fragata e uma lancha de patrulha em frente ao Copacabana Palace. Um helicóptero do Exército sobrevoou o bairro durante o dia. O Comando Militar do Leste não quis informar, por motivos estratégicos, o número de militares empregados na operação e nem os principais pontos de atuação. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica também não quiseram comentar o esquema de segurança nem informar quanto tempo os militares permanecerão reforçando a segurança do Rio.
O primeiro-ministro da Guiana, Samuel Archibald Hinds, foi o primeiro chefe de Estado a chegar ao Rio. Ele chegou na manha de quarta-feira num vôo de carreira.. Por volta das 21h, foi a vez do presidente argentino Nestor Kirchner. A reunião com os principais líderes latino-americanos está marcada para hoje, às 15h.
Emergências a contornar
A Cúpula do Mercosul será palco de propostas que visam diminuir as desigualdades da região e discutir a adesão da Bolívia como membro pleno do bloco comercial. A primeira pauta do dia, proposta pelo Brasil para compensar o desequilíbrio econômico no Mercosul, promete causar divergências com a Argentina.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a eliminação da dupla cobrança de tarifa externa comum aos produtos de fora do bloco, mas a proposta desagradou ao governo argentino, que teme que a medida abra espaço para a entrada de "componentes da China ou de outros países asiáticos"
Do ponto de vista político, a principal pauta de discussão é o pedido de ingresso da Bolívia no Mercosul. A adesão boliviana, porém, esbarra na Tarifa Externa Comum (TEC). Evo Morales solicitou tratamento diferenciado para o seu país.