Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

PGR impede que PF acesse dados perigosos para Bolsonaro no caso da covid

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Segunda, 21 de Novembro de 2022 às 11:28, por: CdB

A primeira solicitação foi feita em 19 de agosto. Sem retorno do órgão, o pedido foi reiterado em 4 de outubro. A Procuradoria alegou ao veículo, no entanto, que por se tratar de diligência no curso de uma investigação, não seria possível fornecer informações a respeito.

Por Redação, com RBA - de Brasília
A Procuradoria-Geral da República (PGR) trava há três meses o acesso da Polícia Federal (PF) aos dados produzidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nos autos de uma investigação que tem o presidente Jair Bolsonaro (PL) como um dos alvos. A PF já pediu o compartilhamento do material por duas vezes.
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A procuradora Lindôra Araújo atua para arquivar as ações que poderão resultar em condenações ao presidente Jair Bolsonaro (PL)
A primeira solicitação foi feita em 19 de agosto. Sem retorno do órgão, o pedido foi reiterado em 4 de outubro. A Procuradoria alegou ao veículo, no entanto, que por se tratar de diligência no curso de uma investigação, não seria possível fornecer informações a respeito. Além disso, segundo a PGR, há manifestação pelo arquivamento do caso, enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no início do mês. As denúncias de crimes e irregularidades cometidas por Bolsonaro no âmbito da pandemia estão sob responsabilidade da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.

Conservadora

Desde que o presidente foi derrotado em sua campanha à reeleição, a instituição, por ele aparelhada, vem apresentando uma série de pedidos de arquivamento de investigações contra o mandatário que não se restringem ao âmbito da CPI da Covid. A grande parte dos pedidos de arquivamento veio da vice-procuradora-geral da República, vista dentro do Ministério Público Federal (MPF) como conservadora e próxima de Bolsonaro. Lindôra Araújo foi levada à PGR pelo procurador-geral Augusto Aras, em abril de 2022. A própria cúpula de senadores da comissão já havia apontado ela como parcial por conta das ações para tentar blindar o presidente que perderá o foro privilegiado no próximo ano. Em julho, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), denunciou uma série de encontros secretos entre Lindôra e Bolsonaro. O presidente teria prometido o cargo de Procuradora-Geral da República após o fim do mandato de Aras, no ano que vem. Plano este frustrado após a derrota nas urnas para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Passa pano

Boa parte destas ações contra Bolsonaro surgiram a partir da CPI da Covid. Entre os supostos crimes de Bolsonaro estão charlatanismo, emprego irregular de verba pública, incitação ao crime e prevaricação. Durante os piores dias da pandemia de covid-19, Bolsonaro fez propaganda abertamente de medicamentos ineficazes contra o vírus, como cloroquina e ivermectina. O relatório também sugeriu que o presidente teria cometido a prática criminosa de estimular a população “a se aglomerar, a não usar máscara e a não se vacinar”. O presidente ainda ignorou dezenas de propostas para aquisição de vacinas. Ao contrário, o governo preferiu conduzir negociações com a vacina Covaxin, em um esquema que seria superfaturado. O contrato só foi impedido por conta da CPI da Covid. No último dia 7, no entanto, a PF foi surpreendida por um pedido de arquivamento da apuração enviado ao Supremo pela representante da PGR.
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