O delegado da Polícia Federal Roberto Sayão, que investiga o acidente com o avião da Gol que matou 154 pessoas, em setembro, confirmou nesta sexta-feira que os controladores de vôo serão indiciados. - Vamos apontar no inquérito que houve falha dos controladores - afirmou.
Segundo Sayão, não foram cumpridos procedimentos de segurança para situações de emergência, como aviões sem comunicação ou que não aparecem no radar. Já foram ouvidos 13 dos 15 controladores de plantão no dia do desastre. O inquérito será concluído em dois meses. Ps pilotos do jato Legacy, que se chocou com o Boeing da Gol, também serão responsabilizados. Os controladores serão julgados pela Justiça Militar.
O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, disse que vai questionar o inquérito, caso os controladores sejam responsabilizados: - Tenho questionamentos sobre o inquérito, mas prefiro deixar para depois da conclusão. Já passamos por momentos de maior tensão, e uma notícia como essa traz apreensão para a categoria - conclui.
Segundo os controladores investigados pela PF eles preferem esperar o fim das investigações. - Acreditamos na Justiça e não queremos nos precipitar - afirmou um deles, que não quis se identificado.
Apesar disso, o assunto dominou as conversas nos rádioscomunicadores da Aeronáutica. Profissionais comentavam, muito preocupados, a possibilidade de a Justiça decidir pela expulsão dos controladores da corporação. Botelho afirmou que não seria justo apontá-los como os únicos culpados pelo acidente com o Boeing da Gol. Segundo ele, há dois anos os controladores reclamam que os radares do Cindacta 1 não cobriam a área onde ocorreu o desastre, que estava sob a responsabilidade deles.
Outro problema aéreo: Varig
Nesta quinta-feira, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cancelou 119 linhas domésticas que a nova Varig tinha direito a operar, desde que recebeu o certificado que autoriza seu funcionamento como empresa de transporte aéreo, no dia 14 de dezembro do ano passado. Com a decisão, o total de linhas da Varig cai de 270 para 151.
A companhia tinha um mês, a partir do dia 14, quando recebeu sua homologação, para operar todos os vôos, mas não realizou nenhuma viagem nessas 119 rotas. Entre as 151 linhas em operação, 125 tinham permissões de pouso e decolagem em Congonhas (SP), mas apenas 102 utilizaram o aeroporto. As outras 49 serão distribuídas em diversos aeroportos pelo país, segundo a Anac.
A Varig informou apenas que ainda está analisando a deliberação da agência sobre o cancelamento de 23 autorizações para pouso e decolagem no aeroporto de Congonhas. A empresa acrescentou que planeja reintegrar gradativamente as 119 linhas domésticas que perdeu, de acordo com o aumento da sua frota.