Há mais de uma semana, uma série de pesquisas aponta a total incapacidade do governo Temer de se manter vivo.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Os principais institutos de pesquisa do país, nas últimas semanas, vêm registrando o mesmo resultado. A rejeição do presidente de facto, Michel Temer, só faz crescer. A imensa maioria dos brasileiros, segundo estes estudos, quer ver Michel Temer processado, investigado e, se possível, preso. A última aferição, do Datafolha, não é diferente.
Segundo a pesquisa, 89% são favoráveis a que a Câmara autorize a abertura de processo contra o peemedebista por organização criminosa e obstrução de justiça. Apenas 7% dos entrevistados são contrários à aprovação da denúncia, que implicaria no afastamento de Temer por até seis meses. Mesmo com uma eventual aprovação, na Câmara, o processo ainda precisaria ser aceito pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cunha calado
Michel Temer (PMDB) é acusado de liderar um esquema do seu partido que teria recebido ao menos R$ 587 milhões de propina.
Além disso, ele teria autorizado o executivo da JBS Joesley Batista à comprar o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele se encontra preso no Paraná.
A gestão Michel Temer (PMDB) atingiu a maior reprovação já registrada pelo Datafolha desde o início da redemocratização no país: apenas 5% de aprovação.
A pesquisa do Datafolha, instituto que no fim de semana apontou Lula como líder absoluto na corrida presidencial de 2018, no entanto, tentou misturar a rejeição de Temer ao processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos números apresentados, diz que a prisão do líder petista está expressa pela maioria dos entrevistados. A questão, no entanto, agride o ordenamento jurídico brasileiro. Nenhuma lei do país estabelece prisão de condenados em primeira instância. Ainda assim, segundo o instituto, 54% dos brasileiros defenderiam a prisão do petista.
O Datafolha ouviu 2.772 pessoas em 194 cidades, nos dias 27 e 28 de setembro, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Nem no Planalto
O grupo do PMDB, que ocupa o Palácio do Planalto desde o golpe de Estado, em Maio do ano passado, também encomendou uma pesquisa. E o resultado não foi exatamente o esperado. O estudo aponta que Michel Temer era “amigo e cúmplice” do empresário Joesley Batista; e que a esperança popular no peemedebista havia acabado.
Os levantamentos foram realizados em junho, entre a divulgação da conversa no porão do Palácio do Jaburu e a primeira denúncia criminal contra Temer. O resultado, porém, aparece somente agora, em um banco de dados público da Presidência.
“Os participantes entendem que Temer era amigo e cúmplice do empresário”, afirma pesquisa interna do Instituto Análise, encomendada pelo Planalto. Os entrevistados atacaram o fato de Temer “saber das ações ilícitas do empresário da JBS e não prendê-lo”. Além de Joesley não ter sido preso à época, os participantes consideraram grave que Temer tenha se mantido como mandatário.
Temer e Joesley
Além dessa, a Presidência pagou por uma outra pesquisa. Ambas cobrem São Paulo, Brasília, Rio, Porto Alegre e Salvador. Elas foram feitas com homens e mulheres acima de 18 anos, com renda A, B e C. O estudo aponta, ainda, que a divulgação do diálogo entre Temer e Joesley no Jaburu foi determinante para o fim da expectativa positiva com o presidente. Os erros em série do peemedebista teriam desapontado o público da amostra.
“Após essa gravação, a esperança atribuída ao representante maior do Governo Federal exauriu-se, pois entendem que o presidente da República errou. Os participantes demonstram decepção e indignação diante do fato”, que “incomodou bastante os participantes”, diz o documento. Nesse contexto, toda a classe política perdeu crédito: entrevistados opinaram que há corrupção “em todos os níveis da política”.
Michel Temer tampouco foi bem-sucedido na tentativa de resposta que deu ao caso no pronunciamento de 18 de maio — aquele em que disse repetidamente que não renunciaria. As entrevistas auferiram que o discurso foi “altamente reprovado”; na medida em que ficou “distante da realidade do dia a dia dos participantes”. Além de externarem reações “muito ruins”.