Em relatório anual, divulgado esta semana, a ONG Human Right Watch apontou atos de violação dos direitos humanos no Brasil, apesar de ter também elogiado os esforços para reprimir casos de abuso. A organização citou, como principal exemplo de violação, o assassinato de 328 pessoas pela polícia de São Paulo, durante o primeiro semestre de 2006 - a maioria delas mortas nas operações de repressão aos ataques da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em maio. Segundo a ONG, foi um aumento de 84% em relação ao mesmo semestre de 2005.
O relatório também chamou atenção para o número de mortes de civis no Rio de Janeiro: os policiais fluminenses mataram 520 pessoas no primeiro semestre do ano passado.
Outras violações se referem às denúncias de tortura na Fundação Estadual de Bem-Estar do Menor (Febem), os casos de trabalho similar à escravidão e a superpopulação nos presídios. Segundo dados do Ministério da Justiça, há 371 mil pessoas presas nas 120 mil vagas existentes nos presídios brasileiros. A Human Right Watch cita também a morte do 38 pessoas em conflitos por terra no país.
Apesar das críticas, a ONG também elogiou iniciativas brasileiras, entre elas os esforços para reprimir os casos de abuso e a criação, pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Comitê Nacional pela Prevenção e Combate à Tortura, formado por representantes governamentais e da sociedade civil.
Em relação aos outros países, a Human Right Watch critica o atual governo dos Estados Unidos pelos casos de tortura denunciados em prisões norte-americanas espalhadas pelo mundo, como Guantánamo, em Cuba, e Abu Ghraib, no Iraque. O relatório também dedica um capítulo para cada um dos países em que possui representação.