Tiani era o chefe da guarda presidencial que bloqueou Bazoum em seu palácio na quarta-feira e depois declarou que o havia destituído por má governança e piora na segurança.
Por Redação, com Reuters - de Niamei
Oficiais militares do Níger declararam o general Abdourahamane Tiani como novo chefe de Estado nesta sexta-feira, dizendo que suspenderam a constituição e dissolveram todas as instituições após derrubar o presidente Mohamed Bazoum.

Tiani era o chefe da guarda presidencial que bloqueou Bazoum em seu palácio na quarta-feira e depois declarou que o havia destituído por má governança e piora na segurança.
O general apareceu na televisão estatal nesta sexta-feira, com uma faixa na tela que o descrevia como presidente de um conselho militar recém-formado, o Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP).
– O presidente do CNSP é o chefe de Estado. Ele representa o Estado do Níger nas relações internacionais – disse um oficial, lendo um comunicado.
A constituição foi suspensa e o governo dissolvido, cabendo ao CNSP exercer todo o poder legislativo e executivo, segundo o comunicado.
Os países africanos e as potências ocidentais têm reagido com alarme aos acontecimentos no Níger, insistindo para que a ordem constitucional seja restaurada.
O Níger faz fronteira com três países, Mali, Burkina Faso e Chade - que também sofreram golpes militares nos últimos dois anos. Antes do levante desta semana, era visto como o parceiro mais estável e sólido do Ocidente em uma região que enfrenta uma crescente insurgência islâmica.
Golpe foi motivado por preocupações de segurança
O chefe da guarda presidencial do Níger, general Abdourahamane Tiani, apareceu na televisão estatal nesta sexta-feira para defender o golpe de Estado desta semana, repetindo que os soldados agiram para proteger a segurança nacional.
A guarda deteve o presidente Mohamed Bazoum no palácio presidencial na quarta-feira. Mais tarde, um grupo de oficiais apareceu na televisão estatal para dizer que havia destituído Bazoum do poder.
A segurança continua sendo um problema no país desde que Bazoum foi eleito em 2021, à medida que jihadistas que se enraizaram no vizinho Mali em 2012 ganharam terreno, matando milhares e desalojando mais de seis milhões na região do Sahel, na África Ocidental.
O Níger é um aliado importante dos países ocidentais no combate às insurgências islâmicas na África Ocidental e várias tropas estrangeiras estão baseadas lá, inclusive da França e dos Estados Unidos.
Tiani reiterou que os soldados tomaram o poder devido ao agravamento da segurança. Ele também criticou a falta de "colaboração genuína" com os governos militares de Mali e Burkina Faso na luta contra as insurgências.
– A dura realidade da insegurança no Níger, vivida por nossas forças de defesa e populações trabalhadoras, com seu número de mortes, deslocamento, humilhação e frustração, nos lembra diariamente dessa dura realidade – disse Tiani.
– Que sentido há na abordagem de segurança contra o terrorismo que exclui qualquer colaboração genuína com Burkina Faso e Mali, embora compartilhemos a zona de Liptako-Gourma, onde se concentram a maioria das atividades de grupos terroristas contra os quais lutamos – acrescentou.
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse estar preparado para apoiar sanções contra os perpetradores do golpe "perigoso", depois que sua ministra das Relações Exteriores disse que a tomada do poder não parecia ser definitiva.
Aqueles que participaram do golpe disseram em uma transmissão nesta sexta-feira que qualquer intervenção militar estrangeira para restabelecer o poder de Bazoum resultará em "massacre... e caos".
Tiani disse que o Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria, que agora preside o país, respeitará todos os compromissos assumidos com a comunidade internacional.