A oferta de compra de votos quase triplicou no ano passado: 8% dos eleitores disseram ter sido procurados por candidatos e cabos eleitorais para vender seu voto, enquanto em 2002 esse percentual estava em 3%.
Pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada nesta quarta-feira pela União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon) e pela organização não-governamental Transparência Brasil ouviu 2.002 eleitores em 142 municípios, incluindo regiões metropolitanas e capitais. O resultado aponta que um eleitor, a cada 12, foi procurado.
Segundo Cláudio Abramo, diretor da Transparência Brasil, o número é significativo e muda os rumos de uma eleição, mas "nem todas as pessoas venderam seu voto".
O eleitor mais jovem, aponta a pesquisa, é o maior alvo da oferta de compra de voto - e não o mais pobre ou o menos instruído. E o resultado mostra que o brasileiro não aprova o "rouba, mas faz": ele valoriza a honestidade e a capacidade de administração do candidato.
Para o ministro César Asfor Rocha, do Tribunal Superior Eleitoral, esse resultado deve ser observado por toda a sociedade e pela Justiça Eleitoral, que "procura resguardar a lisura das eleições, apesar de saber que não é possível abolir definitiva e completamente qualquer influência negativa ou criminosa no processo eleitoral". Ele acrescentou que "são muitas as causas para o aumento dessa praga da compra de voto".
O aumento na oferta de compra de voto, segundo o ministro, "talvez tenha ocorrido porque nos últimos anos vivenciamos uma série de fatos que feriram a imagem de muitas instituições, principalmente as instituições públicas, com as denúncias feitas em relação a desvios de recursos públicos". Na opinião dele, "isso pode ter influenciado a população, que se vê incrédula com os princípios da moralidade e da honestidade".
César Asfor Rocha defendeu a realização de "trabalhos preventivos esclarecendo a população sobre a seriedade do seu voto como a principal arma de que o cidadão dispõe numa democracia". E afirmou que "exercício do voto e da moralidade não é um papel exclusivo da Justiça, mas deve ser de todas as instituições, entidades, poderes e de todos os brasileiros".
Oferta de compras de voto em 2006 quase triplica em relação a 2002
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Quarta, 07 de Fevereiro de 2007 às 19:51, por: CdB