O Brasil vive um momento verdadeiramente incrível. Como já disse Tom, não é para amadores. Acontecem coisas do arco da velha, e secretas, acreditem
Por Walter Sorrentino - de São Paulo:
O país já é campeão da Inteligência Artificial, mas poucos sabem disso. O programa tem sido sigiloso até agora, desenvolvido no Vale do Suplício nacional, as Organizações Globo.
Gabriel desceu à terra. Leio em Canção Nova (!) que os arcanjos pertencem à terceira hierarquia (Principados, Arcanjos e Anjos) e são responsáveis por executar as ordens de Deus, por isso estão mais perto de nós. Gabriel Arcanjo é o anunciador, por excelência, das revelações divinas. Seu nome significa “Emissário do Senhor” ou “Deus é meu protetor” ou ainda “Homem de Deus”.
Pois que Gabriel, passando pelo paraíso, se abasteceu com o big data de deus. O data analytics posto a funcionar a todo vapor, deixou pouca coisa ao improviso. Sua inteligência artificial foi rapidamente processada por algoritmos preciosos. Foi providenciado um comício eletrônico no Vale do Suplício, para anunciar a boa nova.
“O que o destino e o que Deus esperam para mim, vou deixar rolar,” foi a mensagem dos céus.
“Neste momento, agora, começo de janeiro, eu ainda acho que meu papel com esse microfone na mão aqui na TV Globo; na televisão, motivando as pessoas, talvez seja até mais importante do que estar lá (na Presidência).” (O grifo é meu: neste momento, agora!).
"Neste momento (de novo! Nossa, que falta de sutilidade!) se eu me isentar de tentar melhorar, eu estaria sendo covarde. Daí a eu querer ser presidente; não quero que seja uma pretensão minha e não quero ser pretensioso de maneira nenhuma".
“Eu nunca, jamais, vou ser o salvador da pátria e o; que vai acontecer na minha vida eu também não sei.”
A mensagem
Lida pelo valor de face, a mensagem chama a atenção pela precocidade do desfeito, depois do feito de deus comunicando ao anjo dever “desistir” do passo dado anteriormente. Vinicius de Moraes nesse caso lança a charada: se foi pra desfazer, por que é que fez? Ganha um picolé quem a responder.
Vejamos:
FHC deu um xeque nas pretensões de Alckmin; busca o “novo” para derrotar Lula.
O governo, Rodrigo Maia e o “centrão” podem juntar 300 deputados e mais da metade do tempo de TV; neste momento, reptam os tucanos.
Falando francamente, quase nada está dando certo no governo: crise fiscal, falta de investimentos, resultados econômicos que não chegam à população, desmoralização crescente, ministério em frangalhos; que ninguém creia que seus índices possam melhorar.
Em 16 dias, será julgado Lula; o mundo assiste bestificado o pandemônio discricionário do Judiciário contra Lula.
A receita é indigesta. Talvez a “organização” viu aí um vazio.
A inteligência artificial rodou os algoritmos, Luciano Huck nem precisava de tele prompter: Esperança, Bons propósitos, Humildade, Recato, Senso de responsabilidade, Pacificação do país, Rumo e Prioridades. Na pena galhofeira de Ricardo Noblat (disfarçado de crítico talvez por vergonha de roteiro tão óbvio): “Lindo, não?”
“Eles”, creio, não têm muitas opções. Luciano Huck tem o difícil dom de se prestar a balão de ensaio apressado duas vezes. Ou não? Só está pescando em águas turvas? Ele é o dono de sua voz?
Mas nada disso é farofa. O mundo gira, o mundo muda, mas farsa e tragédia seguem aparentadas, se sucedendo. O “novo”, outrora Collor e Rosana, é agora Luciano e Angélica. Com coisas “novas” assim o país vai decididamente pro brejo.
Walter Sorrentino, é médico, paulistano. Membro do Comitê Central desde 1988, ex-secretário de organização do PCdoB (2002-2015), eleito vice-presidente do Partido na 10ª Conferência (maio/2015).