Rio de Janeiro, 10 de Setembro de 2025

'Novo Eldorado' na Amazônia desperta interesse da Abin

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Segunda, 08 de Janeiro de 2007 às 10:08, por: CdB

Relatório reservado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), vazado nesta segunda-feira para uma fonte revela que o garimpo ilegal de ouro localizado em um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Novo Aripuanã, no sul do Amazonas, vem ganhando proporções que, se não for controlado, poderá culminar com a destruição de uma grande área de mata nativa na região, além de provocar o êxodo de milhares de brasileiros para a área, já conhecida como uma espécie de Edorado da Amazônia. A população de Apuí, localizada a 455 km de Manaus, já começa a dar sinais de inchaço. Com 18 mil habitantes, a cidade dá acesso à lavra na margem esquerda do rio Juma, onde cerca de 3 mil homens trabalham no meio da selva.

Mudaram-se para a região desde trabalhadores rurais, desempregados - muitos deles do Nordeste do país -, trabalhadores da construção civil, entre outros, e os primeiros sinais do ouro aparecem no número de pastores evangélicos que se instalam na cidade. Gerente executivo interino do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas, Mário Lúcio Reis, disse a jornalistas, recentemente, que o governo tentará regulamentar o garimpo, após o relatório da Abin.

- Não vamos interditar o garimpo. Podemos monitorar e manter a atividade sem impacto ambiental - disse Reis.

Ouro a preço de banana

O preço do ouro encontrado na região pelos garimpeiros, no comércio local, não passa de R$ 25 o grama, segundo constataram os agentes da Abin. No mercado de commodities, o preço da grama do metal gira em torno dos R$ 45. O garimpo, até novembro do ano passado, era uma espécie de segredo na cidade, "mas todo mundo, na verdade, já estava sabendo", disse a jornalistas o dono das terras onde, hoje, mais de 3 mil homens reviram a terra em busca da fortuna. Zé Capeta, como se identificou o posseiro, já garimpava há mais de um ano.

A notícia, no entanto, ganhou domínio público em dezembro do ano passado, quando o povo pobre do município, que muitas vezes passava o feriado cristão sem comida e roupas, começou a comprar presentes, eletrodomésticos, víveres e calçados.

- O número de pessoas que chega à cidade, hoje, nem dá pra contar mais. São grupos e grupos que se embrenham na mata. Ninguém mais segura essa notícia. Daqui a pouco isso aqui vai virar uma Serra Pelada - disse um comerciante do local, feliz da vida com o progresso.

Enquanto o ouro faz a felicidade do comércio local, é na área da saúde, no entanto, que a realidade mostra seus dentes. No Hospital Estadual Eduardo Braga, a gerente-administrativa Rosângela Motter constata que o número de atendimentos continua a subir, sem que os recursos sejam repassados devidamente. Ela afirmou, a jornalistas, que a maior preocupação dos administradores é com as doenças com as quais os garimpeiros entram em contato, como a malária e a diarréia, além dos acidentes.

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