São, em média, 450 grupos, espalhados por todo o Estado. Apenas em São Luís, são mais de 100 mapeados. Não se sabe com exatidão como e quando a tradição começou, mas é certo que, após ser trazida ao Brasil pelos portugueses.
Por Redação, com ABr – de São Luís
No Norte e no Nordeste do Brasil, mais especificamente em território maranhense, o período junino, época de São João, Santo Antônio e São Pedro – o último comemorado na véspera até a madrugada deste domingo – ganha contornos ainda mais especiais. Isso porque, nesta época do ano, é também quando se intensificam as brincadeiras de Bumba Meu Boi.

Letícia Cardoso, professora de jornalismo, doutora em comunicação e uma brincante maranhense, conta que, no Estado, a tradição; além de histórica, é extremamente diversa. E, mais que uma festa ou evento, pode ser considerada um movimento político e comunitário.
— Essa é uma prática cultural das classes trabalhadoras, de pessoas que passam por muitas privações. Até hoje, mesmo o boi sendo patrimônio mundial da humanidade, nós percebemos que ele se localiza e se contextualiza em áreas periféricas e regiões rurais — destaca, afirmou aos jornalistas da Agência Brasil (ABr).
Grupos
São, em média, 450 grupos, espalhados por todo o Estado. Apenas em São Luís, são mais de 100 mapeados. Não se sabe com exatidão como e quando a tradição começou, mas é certo que, após ser trazida ao Brasil pelos portugueses, incorporou elementos das culturas indígena e africana.
Em sua relação com as comunidades, nos bairros, assim como as escolas de samba do Rio de Janeiro, os bois foram se transformando em espaços de vínculo e inclusão.
— Os idosos, que são descartados nessa sociedade tecnológica moderna, por exemplo, para o boi, são as referências, são muito importantes, porque transmitem os saberes, guardam as memórias e ensinam os mais jovens. Eles são os mestres — observa Cardoso.
Zé de Légua
Para quem se aproxima mais dos grupos também é possível notar que os bois, majoritariamente, são vinculados ao que podemos chamar de “catolicismo popular”. Ao mesmo tempo em que, visivelmente, as festas celebram os santos, as entidades e orixás das religiões de matriz africana são figuras destacadas.
— É uma característica muito presente em todo boi. Eles dizem que é para São João, mas tem ali uma Cabocla Mariana, um Zé de Légua, etc. O dono do boi é a entidade. Então, cultua-se publicamente São João, São Pedro, Santo Antônio e São Marçal, mas o dono do boi é uma entidade de terreiro de matriz africana — resumiu a professora.