Rio de Janeiro, 04 de Julho de 2025

No Nordeste, Bumba Meu Boi é ponto alto das festas juninas

Arquivado em:
Domingo, 29 de Junho de 2025 às 13:56, por: CdB

São, em média, 450 grupos, espalhados por todo o Estado. Apenas em São Luís, são mais de 100 mapeados. Não se sabe com exatidão como e quando a tradição começou, mas é certo que, após ser trazida ao Brasil pelos portugueses.

Por Redação, com ABr – de São Luís

No Norte e no Nordeste do Brasil, mais especificamente em território maranhense, o período junino, época de São João, Santo Antônio e São Pedro – o último comemorado na véspera até a madrugada deste domingo – ganha contornos ainda mais especiais. Isso porque, nesta época do ano, é também quando se intensificam as brincadeiras de Bumba Meu Boi. 

No Nordeste, Bumba Meu Boi é ponto alto das festas juninas | O Boi Garantido está presente às festas juninas também no Nordeste brasileiro
O Boi Garantido está presente às festas juninas também no Nordeste brasileiro

Letícia Cardoso, professora de jornalismo, doutora em comunicação e uma brincante maranhense, conta que, no Estado, a tradição; além de histórica, é extremamente diversa. E, mais que uma festa ou evento, pode ser considerada um movimento político e comunitário. 

— Essa é uma prática cultural das classes trabalhadoras, de pessoas que passam por muitas privações. Até hoje, mesmo o boi sendo patrimônio mundial da humanidade, nós percebemos que ele se localiza e se contextualiza em áreas periféricas e regiões rurais — destaca, afirmou aos jornalistas da Agência Brasil (ABr).

 

Grupos

São, em média, 450 grupos, espalhados por todo o Estado. Apenas em São Luís, são mais de 100 mapeados. Não se sabe com exatidão como e quando a tradição começou, mas é certo que, após ser trazida ao Brasil pelos portugueses, incorporou elementos das culturas indígena e africana. 

Em sua relação com as comunidades, nos bairros, assim como as escolas de samba do Rio de Janeiro, os bois foram se transformando em espaços de vínculo e inclusão. 

— Os idosos, que são descartados nessa sociedade tecnológica moderna, por exemplo, para o boi, são as referências, são muito importantes, porque transmitem os saberes, guardam as memórias e ensinam os mais jovens. Eles são os mestres — observa Cardoso.

 

Zé de Légua

Para quem se aproxima mais dos grupos também é possível notar que os bois, majoritariamente, são vinculados ao que podemos chamar de “catolicismo popular”. Ao mesmo tempo em que, visivelmente, as festas celebram os santos, as entidades e orixás das religiões de matriz africana são figuras destacadas. 

— É uma característica muito presente em todo boi. Eles dizem que é para São João, mas tem ali uma Cabocla Mariana, um Zé de Légua, etc. O dono do boi é a entidade. Então, cultua-se publicamente São João, São Pedro, Santo Antônio e São Marçal, mas o dono do boi é uma entidade de terreiro de matriz africana — resumiu a professora.

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