Enquanto os moradores de São Francisco, nos EUA, receberam a marcha neonazista neste sábado com um “campo minado” com cocô de cachorro, na Alemanha a solução foi mais criativa.
Por Redação, com agências internacionais - de São Francisco, EUA, e Wunsiedel, Alemanha
Enquanto um grupo de extrema direita foi recebido em São Francisco, neste sábado, por pacifistas com flores no cabelo; outros preferiram espalhar cocô de cachorro. Muito cocô de cachorro pelas ruas. Já na pequena cidade alemã de Wunsiedel, na Baviera, onde os herdeiros do nazismo insistem em reverenciar seus líderes, os manifestantes tiveram uma ideia mais criativa. Recolheram doações para financiar o êxodo dos extremistas de ultradireita para fora do país.
Em São Francisco, centenas de moradores reuniram-se em Crissy Field, a pitoresca praia, na sombra da Golden Gate Bridge. Mesmo local onde o grupo de extrema direita Patriot Prayer – “Oração Patriota”, em português – reuniu-se sobre um carpete de excrementos.
Cocô de cachorro
Tuffy Tuffington passeava os seus dois cães, Bob e Chuck, Patterdale terriers, quando começou a imaginar “extremistas de direita pisando em cocô”. Depois disso, não conseguiu imaginar nada melhor para recebe-los.
— Nós o enfrentamos, sem precisarmos sequer olhar para a cara deles — disse Tuffinton.
Depois da ideia, veio a execução. O artista de 45 anos criou um evento no facebook baseado na ideia que teve e os donos de cães de São Francisco responderam em massa. Muitos deles até armazenaram os dejetos caninos durante alguns dias para depois os “distribuir”.
Vice-führer
Mas ninguém precisa se preocupar com o estado de Crissy Field depois de coberta com um manto de cocõ. Neste domingo, os donos dos cachorros prometem “limpar a porcaria e trocar abraços”, segundo o convite de Facebook.
Na Alemanha, Wunsiedel, para onde neonazistas peregrinam todos os anos para visitar túmulo de braço-direito de Hitler, Rudolf Hess, encontrou uma forma genial para lidar com eles. A ideia tem inspirado outras cidades e países a lutar contra o nazismo de um jeito criativo
Nos últimos 25 anos, as ruas de Wunsiedel, uma cidade pacata do nordeste da Alemanha, têm sido palco de marchas em homenagem a Hess, que foi o vice-führer. Até 2011, a figura tinha um túmulo na área.
Doações
Depois, seu corpo foi exumado e cremado. Mas os neonazistas alemães modernos ainda insistem no culto a Hess; então, a falta de um monumento não impediu esse pessoal de aparecer na cidade nos últimos três anos. O ato leva consternação aos moradores não nazistas.
Quando a mais recente marcha aconteceu, no final de semana passado, os cidadãos bolaram um tipo de caminhada beneficente: para cada metro percorrido pelos neonazistas, as pessoas da cidade doariam uma certa quantia para a organização sem fins lucrativos Exit Deutschland. O objetivo é ajudar a reprogramar fascistas para não serem mais fascistas. As doações chegaram a 10 mil euros.
Os organizadores não informaram aos neonazistas de que isso iria acontecer. Em vez disso, eles os receberam na cidade com grandes faixas coloridas contendo informações sobre cada etapa; juntamente com cartazes caseiros de incentivo onde se liam frases como “Rápido como um galgo, resistente como couro e generoso como nunca”.
Revirando no caixão
A brincadeira incluía marcas no asfalto indicando quanto já tinha sido doado e uma central de lanches chamada “Mein Mampf” (algo como “Minha Larica”), que era só uma mesa com bananas empilhadas. O pessoal da cidade não poupou despesas. A tendência até já ganhou um nome: “trollantropia”.
O aspecto filantrópico da caminhada neonazista de Wunsiedel foi simbólica. O importante é que os manifestantes fizessem papel de idiota.
As câmeras registraram fotos ótimas das caras confusas dos participantes da marcha enquanto os moradores da cidade pareciam estar se divertindo bastante. Se Hess ainda estivesse em um caixão, ele estaria se revirando lá dentro.