Alguns recém-chegados descreveram ataques violentos de grupos budistas contra pessoas que caminhavam ao longo da fronteira
Por Redação, com Reuters - de Bangladesh:
Milhares de muçulmanos rohingyas de Mianmar fugiram para Bangladesh nesta segunda-feira, em uma nova leva de refugiados que temem a fome e uma violência que a ONU denunciou como faxina étnica.
Repórteres da da agência inglesa de notícias Reuters localizados no distrito de Palong Khali, em Bangladesh; viram vários milhares de pessoas partindo do Estado de Rakhine, em Mianmar, ao longo de aterros situados entre campos alagados e florestas mirradas.
Soldados e grupos budistas puseram fogo no vilarejo, disse.
– Abandonei tudo – relatou, em prantos. “Não consigo encontrar meus parentes... não aguento mais isso”.
Alguns recém-chegados descreveram ataques violentos de grupos budistas contra pessoas que caminhavam ao longo da fronteira.
Cerca de 519 mil rohingyas já fugiram de Mianmar desde 25 de agosto; quando ataques de militantes rohingyas a postos de segurança de Rakhine desencadearam uma reação militar feroz.
Refugiados e grupos de direitos humanos dizem que o Exército e paramilitares budistas são responsáveis por uma campanha de assassinatos; e incêndios criminosos cujo objetivo é expulsar os rohingyas de Mianmar.
Acusações
Mianmar rejeita as acusações de faxina étnica e classificou os militantes rohingyas do Exército da Salvação Arakan, que realizaram os ataques iniciais, como terroristas que mataram civis e incendiaram vilarejos.
Entre os fugitivos estavam até 35 pessoas a bordo de um barco que naufragou no litoral de Bangladesh no domingo. Ao menos 12 dos ocupantes se afogaram, e 13 foram resgatados, informou a polícia bengalesa.
– Enfrentamos muitas dificuldades, para comer e sobreviver – disse Sayed Hossein, de 30 anos, à Reuters, acrescentando que sua esposa, seus três filhos e seu sogro se afogaram.
– Viemos para cá para salvar nossas vidas.
O governo de Mianmar disse que suas “operações de liberação” contra os militantes terminaram no início de setembro e que as pessoas não têm motivo para fugirem, mas nos últimos dias relatou grandes levas de muçulmanos se preparando para partir, mais de 17 mil só em uma área.