Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 2025

Muçulmanos rohingyas fogem de Mianmar por medo da violência

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Segunda, 09 de Outubro de 2017 às 11:10, por: CdB

Alguns recém-chegados descreveram ataques violentos de grupos budistas contra pessoas que caminhavam ao longo da fronteira

Por Redação, com Reuters - de Bangladesh:

Milhares de muçulmanos rohingyas de Mianmar fugiram para Bangladesh nesta segunda-feira, em uma nova leva de refugiados que temem a fome e uma violência que a ONU denunciou como faxina étnica.

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Refugiados rohingyas atravessam campo de arroz após cruzarem a fronteira de Myanmar para Bangladesh

Repórteres da da agência inglesa de notícias Reuters localizados no distrito de Palong Khali, em Bangladesh; viram vários milhares de pessoas partindo do Estado de Rakhine, em Mianmar, ao longo de aterros situados entre campos alagados e florestas mirradas.

– Metade do meu vilarejo foi incendiada. Eu os flagrei – disse Sayed Azin, de 46 anos, que contou ter caminhado durante oito dias carregando sua mãe de 80 anos em um cesto preso a uma vara de bambu com a ajuda do filho.

Soldados e grupos budistas puseram fogo no vilarejo, disse.

– Abandonei tudo – relatou, em prantos. “Não consigo encontrar meus parentes... não aguento mais isso”.

Alguns recém-chegados descreveram ataques violentos de grupos budistas contra pessoas que caminhavam ao longo da fronteira.

Cerca de 519 mil rohingyas já fugiram de Mianmar desde 25 de agosto; quando ataques de militantes rohingyas a postos de segurança de Rakhine desencadearam uma reação militar feroz.

Refugiados e grupos de direitos humanos dizem que o Exército e paramilitares budistas são responsáveis por uma campanha de assassinatos; e incêndios criminosos cujo objetivo é expulsar os rohingyas de Mianmar.

Acusações

Mianmar rejeita as acusações de faxina étnica e classificou os militantes rohingyas do Exército da Salvação Arakan, que realizaram os ataques iniciais, como terroristas que mataram civis e incendiaram vilarejos.

Entre os fugitivos estavam até 35 pessoas a bordo de um barco que naufragou no litoral de Bangladesh no domingo. Ao menos 12 dos ocupantes se afogaram, e 13 foram resgatados, informou a polícia bengalesa.

– Enfrentamos muitas dificuldades, para comer e sobreviver – disse Sayed Hossein, de 30 anos, à Reuters, acrescentando que sua esposa, seus três filhos e seu sogro se afogaram.

– Viemos para cá para salvar nossas vidas.

O governo de Mianmar disse que suas “operações de liberação” contra os militantes terminaram no início de setembro e que as pessoas não têm motivo para fugirem, mas nos últimos dias relatou grandes levas de muçulmanos se preparando para partir, mais de 17 mil só em uma área.

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