Rio de Janeiro, 17 de Junho de 2025

Movimentos populares exigem eleições gerais no Peru

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Sexta, 09 de Dezembro de 2022 às 10:00, por: CdB

Com cartazes e gritos de ordem, os movimentos denunciam que Castillo foi vítima de um sistema corrupto e racista. Em 16 meses de governo, o ex-presidente foi alvo de três tentativas de impeachment e teve cinco investigações abertas pelo Ministério Público contra ele próprio e seus familiares.

Por Redação, com Brasil de Fato - de Lima

O Peru vive dias intensos de crise após a destituição e prisão do ex-presidente Pedro Castillo. Partidos políticos e movimentos populares realizam manifestações na capital, Lima, no sul do país, em Arequipa, Ayacucho, Ica, Tacna e no leste, em Cusco, para exigir a convocatória de eleições gerais. Um grupo de manifestantes também se mantém em vigília em frente à prisão de segurança máxima onde Pedro Castillo está detido.

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Movimentos populares peruanos protestam desde a última quarta-feira contra a destituição de Pedro Castillo

Com cartazes e gritos de ordem, os movimentos denunciam que Castillo foi vítima de um sistema corrupto e racista. Em 16 meses de governo, o ex-presidente foi alvo de três tentativas de impeachment e teve cinco investigações abertas pelo Ministério Público contra ele próprio e seus familiares.

Organizações de esquerda que compuseram a base do governo de Castillo defendem a realização de eleições com um referendo para a convocatória de uma Assembleia Constituinte no Peru. 

– Devemos realizar um referendo no qual o povo possa levar adiante certas reformas e perguntar às pessoas se querem uma nova Constituição – declarou a meios locais peruanos, Lucía Alvites, socióloga e dirigente do partido Novo Peru.

Alvites destaca que o impeachment, aprovado na última quarta-feira por ampla maioria do Congresso, é uma estratégia da extrema direita para "quebrar a vontade popular e tirar Castillo do Executivo".

A dirigente do partido Mudança Democrática também defende uma constituinte. "As grandes mudanças que o país necessita implicam que se devolva ao povo o poder soberano de tomar decisões", disse Ruth Luque a meios locais.

Já a direita propõe "reformas" antes de que seja iniciado um novo processo eleitoral. 

Apesar da pressão, a presidenta Dina Boluarte, que assumiu o poder na quarta após a destituição de Castillo, disse que não irá convocar outro processo eleitoral e pediu trégua à oposição para completar seu mandato até julho de 2026.

– Temos uma alta responsabilidade para assumir os desafios. Espero que encontremos consensos para levar o país adiante. A Constituição é a carta magna que todos os peruanos devem obedecer – declarou a presidenta, que também prometeu anunciar seu gabinete de ministros nos próximos dias.

Pedido de asilo 

Depois de tentar dissolver o Congresso, mas não obter apoio para sustentar sua decisão, Castillo entregou-se às autoridades em Lima e foi detido. A justiça peruana determinou sua prisão preventiva até o dia 13 de dezembro e o transferiu para a prisão de segurança máxima do Departamento de Operações Especiais (DIROES) - mesmo lugar onde o ex-ditador Alberto Fujimori cumpre pena por violações de direitos humanos e corrupção.

A Corte Suprema de Instruçao Preparatória acusa Castillo de crime de rebelião e conspiração por tentar fechar o Congresso e sugere risco de fuga. 

Com o abandono do seu ex-advogado, agora quem fará a defesa de Castillo será Aníbal Torres, que foi seu chefe do Conselho de Ministros entre fevereiro e novembro deste ano. O jurista sustenta que seu cliente não cometeu nenhum dos crimes pelos quais é acusado, portanto não há perigo de que ele tente sair do território peruano.

Peru

Segundo o Procurador-geral do Peru, Daniel Soria, o presidente deposto pode ser condenado a uma pena que varia de dez a 20 anos de prisão por sedição, abuso de autoridade e perturbação da tranquilidade pública.

Na madrugada de quinta-feira, Castillo solicitou asilo político na embaixada mexicana em Lima, alegando em carta que era vítima de perseguição política. O México confirmou o pedido e disse estar disposto a receber o ex-mandatário. 

– Iniciaremos consultas com as autoridades peruanas – disse o ministro de Relações Exteriores, Marcelo Ebrard.

México

O México também abrigou Evo Morales e Alvaro García Linera após o golpe de 2019 na Bolívia. O ex-presidente boliviano se solidarizou com Castillo e pediu unidade em torno do governo de Dina Boluarte. 

– A experiência do irmão Pedro Castillo deixa uma advertência aos movimentos populares antiimperialistas do mundo. Nunca devem confiar na direita, menos se é um Parlamento, porque conspira e divide até destruir governos do povo. Isso a história nos ensina – disse Morales.

Já Vladimir Cerrón, presidente do partido Peru Livre, ex-legenda de Castillo, diz que o ex-presidente foi traído após distanciar-se da esquerda.

– Fizeram Pedro Castillo acreditar que era fácil, prometeram partidos políticos novos desde que rompesse com Peru Livre, e lhe deixaram à mercê dos corruptos – defendeu Cerrón. 

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