De acordo com a secretaria estadual, mesmo que o material despejado não se trate de resíduos diretos da produção, precisa ser tratado, pois pode estar contaminado
Por Redação, com ABr - de Brasília:
A mineradora norueguesa Hydro AluNorte pediu desculpas à população de Barcarena (PA) e decidiu ampliar a reavaliação dos sistemas de tratamento de água e de gerenciamento de efluentes para toda a área da refinaria que funciona na cidade da região metropolitana de Belém, após ser novamente autuada pelo lançamento de resíduos tóxicos no Rio Paraná.
– Descartamos água de chuva e da superfície da refinaria não tratadas no Rio Pará. Isso é completamente inaceitável e contraria o; que a Hydro acredita. Em nome da companhia, peço desculpas às comunidades; às autoridades e à sociedade – disse o presidente da empresa, Svein Richard Brandtzæg, em nota.
A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará voltou a autuar a mineradora na última quinta-feira; após fiscais identificarem uma ligação entre a canaleta de escoamento de água das chuvas do galpão de carvão; e o sistema de drenagem da fábrica ao lado, a Albras, que culmina no Rio Pará.
Segundo a secretaria estadual, parte da água pluvial acumulada no interior do terreno da refinaria da Hydro AluNorte; era lançada ao exterior por meio desta ligação clandestina sem antes passar pelo sistema de tratamento de efluentes industriais; conforme estabelece a licença de operação concedida à empresa.
De acordo com a secretaria estadual, mesmo que o material despejado não se trate de resíduos diretos da produção; precisa ser tratado, pois pode estar contaminado.
– Isso ressalta a importância de uma revisão completa da AluNorte; incluindo interfaces da operação com áreas adjacentes; e a situação de licenciamento da planta para verificar o cumprimento integral das licenças. Precisamos do entendimento total; para que possamos implementar as ações necessárias – acrescentou Brandtzæg.
Notificações
Entre notificações e autos de infração, a autuação da última quinta-feira é a oitava sanção aplicada pela secretaria estadual à empresa. Entre elas está a determinação para a companhia reduzir suas operações; e reduzir o nível de água nos depósitos de rejeitos. Até o último fim de semana, a secretaria ainda calculava o valor total das multas. Após ser notificada, a empresa terá prazo para apresentar sua defesa.
No começo de fevereiro, a mineradora contratou a empresa de consultoria brasileira SGW Serviços; para avaliar o modelo de tratamento de água e verificar se o sistema de gerenciamento de efluentes da refinaria foi operado adequadamente.
Posteriormente, com o surgimento de denúncias quanto à existência de pontos de despejo d´água irregulares; a empresa decidiu expandir a auditoria a fim de incluir todas as possíveis ligações entre a mineradora e as áreas ao redor. Além disso, uma auditoria interna realizada pela própria Hydro AluNorte; deve revisar todas as licenças emitidas pelos órgãos responsáveis a fim de verificar; a adequação da empresa à legislação do setor.
A companhia
A companhia garante que a saída de água oriunda do telhado do galpão de armazenamento de carvão já foi fechado; e que está trabalhando para encontrar a melhor solução para fechar também uma conexão; entre a área de armazenamento de hidrato e o sistema de drenagem da fábrica vizinha. Na sexta-feira, a companhia anunciou ter planos de investir cerca de R$ 212 milhões; ou 500 milhões de coroas norueguesas, no sistema de tratamento de água da refinaria de alumina de Barcarena; ampliando a capacidade da unidade suportar condições climáticas extremas.
A Hydro Alunorte
A Hydro Alunorte é a maior refinaria de alumínio do mundo. Emprega cerca de 2 mil pessoas e tem uma capacidade nominal de 6,3 milhões de toneladas por ano. O vazamento dos dejetos tóxicos foi denunciado por moradores de Barcarena, que, entre os dias 16 e 18 de fevereiro, notaram a alteração na cor da água de igarapés e de um rio.
Dias depois, o Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde, divulgou um laudo preliminar apontando que houve transbordamento dos depósitos de resíduos tóxicos, colocando em risco a saúde de moradores de ao menos três comunidades próximas. As primeiras análises de amostras do material colhido no local apontaram a presença de níveis elevados de chumbo, alumínio, sódio e outras substâncias prejudiciais à saúde humana e animal.