O Ministério da Cultura (MinC) lançou nesta segunda-feira o projeto Programadora Brasil, com o objetivo de facilitar o acesso a produções cinematográficas brasileiras de nove décadas. Segundo o secretário do Audiovisual do MinC, Orlando Senna, o projeto visa estimular a exibição de produções nacionais recentes e obras clássicas e não-comerciais (que não têm espaço na programação dos circuitos tradicionais) e aumentar o público para esse tipo de filme.
- É uma estratégia de formação de público, porque, com a disponibilidade gratuita dos filmes, pretende-se criar uma necessidade nessa platéia, para que continue vendo filmes, e não apenas desse circuito -, disse o secretário.
O Programadora Brasil pretende alcançar cineclubes, escolas e universidades públicas e privadas e os Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva. No futuro, poderá abranger outras instituições, como as entidades do Sistema S, como o Sesc e o Sesi (Serviço Social do Comércio e Serviço Social da Indústria).
- É uma contribuição, e a gente espera que importante e interessante, a solução da questão do acesso, que é a questão básica da cultura contemporânea, ou seja, como acessar os bens e serviços culturais -, afirmou o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, que também participou da solenidade de lançamento do projeto, na sede da Cinemateca Brasileira.
O primeiro lote de filmes do projeto inclui 126 títulos digitalizados, de 38 temáticas diversas, abrangendo nove décadas da história do cinema brasileiro. No pacote estão obras conhecidas e premiadas, como "A Hora da Estrela", de Suzana Amaral (1985), e "Terra Estrangeira", de Walter Salles e Daniela Thomas (1995), além de títulos pouco divulgados, como "O Canto do Mar", de Alberto Cavalcanti (1953), e "O Chapéu do Meu Avô", de Julia Zakia (2004).
Orlando Senna informou que poderão adquirir os filmes do primeiro catálogo apenas entidades de circuitos não-comerciais do país, cujo número é estimado entre 100 e 120 salas, em todo o território nacional, para os primeiros meses deste ano. Segundo Senna, o Programadora Brasil distribuirá também para emissoras de televisão pública. Para fazer parte da iniciativa, é preciso fazer cadastro, por meio de pessoa jurídica, no portal oficial do projeto (www.programadorabrasil.org.br), e se comprometer a exibir os filmes em sessões públicas e não-comerciais por dois anos.
Cada título custará R$ 25, mas há pacotes de três DVDs, a R$ 70, de sete, a R$ 130, e até 38 títulos, a R$ 600. Os valores já incluem taxas de postagem e pagamento de direitos autorais pelas obras. Inicialmente, não será feita venda a pessoas individualmente.
- A questão econômica se coloca como um elemento definidor do acesso à cultura, e muitas vezes os preços praticados inibem uma série de áreas, conjuntos sociais do Brasil que não tem possibilidade exatamente por causa do preço -, disse o ministro.
O Programadora Brasil é iniciativa da Secretaria do Audiovisual do MinC, da Cinemateca Brasileira e do Centro Técnico Audiovisual. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, foram investidos R$ 1,2 milhão em sua primeira etapa (implementação e lançamento), e orçamento do projeto para este ano está previsto em mais R$ 1,5 milhão.
MinC lança programa que investe no cinema nacional
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Segunda, 05 de Fevereiro de 2007 às 15:02, por: CdB