Rio de Janeiro, 16 de Setembro de 2025

Metade das mulheres que interrompem a gravidez corre risco de morte

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Quinta, 28 de Setembro de 2017 às 09:04, por: CdB

Estudo organizado pela OMS aponta que maior proporção de procedimentos seguros de interrupção de gravidez ocorre em países com leis menos restritivas. Quase 50 mil mulheres morrem a cada ano devido a abortos fracassados

Por Redação, com DW - de Nova York:

Cerca de metade dos 55,7 milhões de abortos realizados por ano no mundo são inseguros e colocam a vida das mulheres em risco, aponta um novo estudo organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Publicado na quarta-feira, o documento defende maior acesso a contraceptivos e aborto seguro.

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Nos países onde aborto é proibido, apenas 25% dos procedimento foram seguros

Liderada pela OMS e pelo Instituto Guttmacher de Nova York; a pesquisa constatou que 25,5 milhões de abortos anuais foram executados fora do sistema de saúde formal ou usando meios tradicionais invasivos.

A maioria dos casos – 97% – ocorre na África, Ásia e América Latina, afetando 24 milhões de mulheres; segundo o estudo, publicado na revista médica The Lancet. Em muitos países africanos, menos de 15% dos procedimentos para encerrar uma gravidez foram executados sob padrões médicos mínimos.

O estudo foi baseado em dados que abrangem o período de 2010 a 2014. As descobertas evidenciam uma forte conexão entre leis de aborto e segurança.

– As maiores proporções de abortos seguros foram observadas em países com leis menos restritivas; com alto desenvolvimento econômico e infraestruturas bem desenvolvidas – afirmou Bela Ganatra, pesquisadora da OMS e principal autora do estudo.

Gestações indesejadas

– Aumentar a disponibilidade, viabilidade e acessibilidade a contraceptivos pode reduzir a incidência de gestações indesejadas e; consequentemente, de abortos – afirmou Ganatra. "Mas é essencial combinar essa estratégia com intervenções para garantir o acesso a abortos seguros."

O estudo concluiu que quase nove em cada dez abortos em países desenvolvidos foram realizados de foram segura; o que significa que eles foram conduzidos por um especialista treinado e usando um método recomendado pela OMS. Na América do Norte, 99% dos abortos foram classificados como seguros, seguida por norte da Europa (98%), Europa ocidental (94%) e sul da Europa (91%).

Nos 57 países onde o aborto está disponível mediante solicitação, quase 90% dos procedimentos foram seguros. Já nos 62 países onde as intervenções de interrupção de gravidez são banidas ou somente permitidas se a vida ou a saúde da mulher estiverem em risco, apenas 25% dos abortos foram seguros.

Pouco seguros

Os abortos considerados "pouco seguros", que representam 30,7% do total mundo afora, incluem aqueles induzidos com o medicamento misoprostol, sem o suporte de profissionais de saúde, ou aqueles realizados por meio de métodos desatualizados, como raspar o revestimento do útero com um utensílio cirúrgico. Mais de oito milhões de abortos (14,4%) caíram na categorização de "os menos seguros" – feitos por pessoas sem especialização usando métodos perigosos e invasivos.

De acordo com a OMS, cerca de 47 mil mulheres morrem devido a abortos fracassados a cada ano, representando quase 13% das mortes maternas em todo o mundo.

 

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