O fraco desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre forçou o Banco Central a cortar sua estimativa para a taxa de crescimento do país em 2006. Segundo relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quarta-feira, o BC espera agora que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça 3%, e não mais 3,5% como estimado até setembro, "uma vez que o ritmo de crescimento da atividade econômica no terceiro trimestre foi inferior ao que se antecipava".
A nova estimativa do BC é mais próxima do percentual estimado pelo mercado financeiro, que projeta um crescimento de 2,76% para a economia brasileira em 2006. O BC cortou mais de uma vez suas projeções para as taxas de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2006. No cenário básico do BC, a estimativa é de que a inflação em 2006 fique em 3,1%, abaixo dos 3,4% projetados no relatório de setembro.
As expectativas indicam inflação abaixo do centro da meta fixada pelo governo, que é de 4,5%. "Em 2008, a inflação termina o ano alinhada ao valor central da meta estabelecida pelo CMN", afirmou o BC no relatório.
Expectativa frustrada
O BC espera que a economia brasileira tenha um crescimento de 3,8% no próximo ano. A estimativa veio abaixo da previsão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que era de 5%. Os dados também fazem parte do Relatório de Inflação. A previsão de inflação também foi revista, de 4,3% para 3,9% em 2007. A meta para o ano que vem é de 4,5% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB, no terceiro trimestre, foi de apenas 0,5% em relação ao trimestre anterior, o que levou o BC a revisar para baixo a expectativa de crescimento.
"O aumento da massa salarial, o processo de flexibilização da política monetária e a expansão do crédito, entre outros fatores, impulsionaram o volume de vendas do comércio varejista no terceiro trimestre. (...) Esse crescimento não impactou, com a mesma intensidade a produção do trimestre,mas favorece as expectativas de aceleração do crescimento, conforme antecipam os primeiros indicadores referentes ao quarto trimestre de 2006.", diz o relatório.
Já o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento, havia revisado anteriormente para baixo a previsão de crescimento da economia e calculou que a taxa ficaria em 2,8% neste ano. Já a expectativa do Ministério da Fazenda é que o PIB tenha um aumento de 3,2%. A menor estimativa é a dos analistas de mercado, de 2,76%. O governo deve anunciar, nesta quinta-feira, várias medidas nas áreas fiscal e tributária para tentar alavancar o crescimento da economia. No entanto, elas podem não ser suficientes para atender ao desejo do presidente Lula, que é de um crescimento em torno de 5% ao ano a partir de 2007.