Chanceler federal alemã diz que teto de 200 mil refugiados por ano acordado por conservadores é "boa base" para negociar coalizão com FDP e Partido Verde. Tema deve desempenhar papel-chave na formação de um governo
Por Redação, com DW - de Berlim:
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta segunda-feira que um acordo migratório alcançado na véspera entre seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), e a legenda-irmã União Social Cristã (CSU), da Baviera, é uma "boa base" para iniciar as negociações em busca de uma coalizão de governo. O acordo prevê o limite de 200 mil refugiados por ano.
– CDU e CSU alcançaram um resultado comum que eu vejo como uma base muito boa para começar agora as negociações com o FDP (Partido Liberal Democrático); e o Partido Verde – declarou Merkel à imprensa juntamente com o líder do CSU, Horst Seehofer, em Berlim.
– A Alemanha precisa de um governo estável. Agora, o caminho está aberto para falar com o FDP e os verdes. A chanceler federal afirmou que CDU e CSU vão se separadamente, no dia 18 de outubro; com os líderes do FDP e, depois, com os do Partido Verde.
O acordo migratório entre CSU e CDU foi alcançado após anos de disputa quanto a um limite para a entrada de refugiados no país depois de a Alemanha receber; em 2015, quase 900 mil solicitantes de asilo. O acordo prevê uma série de medidas para evitar que mais de 200 mil refugiados entrem no país por ano. Mas não define um teto fixo.
– Não foi fácil. Durante quatro horas analisamos toda a questão migratória – explicou Merkel sobre o principal obstáculo para formar um novo governo; lembrando que o que ocorreu em 2015 "não pode voltar a acontecer".
Coalizão "Jamaica"
O acordo também foi firmado duas semanas depois de a CDU obter seu segundo pior resultado desde o pós-Guerra; em uma eleição que registrou o crescimento do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD); que ingressou no Bundestag (Parlamento alemão) pela primeira vez. Após o êxito da AfD, Seehofer pressionava para que a coalizão CDU-CSU recuperasse uma agenda mais conservadora com um plano de dez pontos.
Nas eleições do último dia 24 de setembro, além da CDU, os eleitores alemães também puniram o Partido Social-Democrata (SPD); parceiro de coalizão de Merkel; que acabou recebendo sua menor votação proporcional do pós-guerra e anunciou que voltará à oposição.
Com isso, a Alemanha está a caminho de uma formação inédita de governo: a chamada coalizão "Jamaica"; uma alusão à semelhança entre as cores dos partidos União Democrata Cristã (CDU), FDP e Verde; e a bandeira do país caribenho.
É provável que a questão dos refugiados desempenhe um papel importante e também cause dificuldades nas próximas negociações de coalizão. Enquanto a CSU pressionou pelo teto migratório, os verdes se opõem a qualquer tipo de limite de refugiados recebidos pelo país.
A Alemanha recebeu mais de 1 milhão de imigrantes entre 2015 e 2016, mas os números diminuíram drasticamente desde que a rota dos Bálcãs foi bloqueada no início do ano passado. Um acordo feito com a Turquia evitou também que um grande número de refugiados tentassem atravessar o Mar Mediterrâneo em direção à Europa.