Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Massacre do Carandiru completa 29 anos sem nenhum agente responsabilizado

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Sábado, 02 de Outubro de 2021 às 11:11, por: CdB

 

Em setembro de 2016 o TJ-SP concluiu que não há elementos suficientes para constatar quais crimes foram cometidos por cada um dos 74 agentes de segurança durante o massacre. Em setembro deste ano, o STJ não reconheceu a conclusão, e a defesa dos policiais garantiu que levará o caso ao STF.

Por Redação, com Brasil de Fato - de São Paulo

Neste sábado, o Massacre do Carandiru completa 29 anos e, até o momento, sem um condenado sequer pelas 111 mortes. O cenário, no entanto, pode mudar em breve, uma vez que o caso está prestes a ser levado ao Supremo Tribunal Federal (STF), depois que 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não reconheceu a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) de anular o julgamento realizado em 2014.
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Em meio à impunidade, depois de 29 anos o caso ainda transcende o sistema prisional
Em setembro de 2016 o TJ-SP concluiu que não há elementos suficientes para constatar quais crimes foram cometidos por cada um dos 74 agentes de segurança durante o massacre. Em setembro deste ano, o STJ não reconheceu a conclusão, e a defesa dos policiais garantiu que levará o caso ao STF. Em meio à impunidade, depois de 29 anos o caso ainda transcende o sistema prisional e oferece subsídios para um debate mais amplo sobre o genocídio reincidente provocado pelo Estado brasileiro contra as populações pobres. – Eu olhei pela ventana e lá embaixo já tinham vários policiais atirando e, de fato, assassinando as pessoas – afirma Sidney Salles, sobrevivente do massacre, que narra a saga dos presos que habitavam o Pavilhão 9 do Carandiru naquele 2 de outubro. – Eu lembro mais do dia 1 de outubro do que o dia 2 de outubro. Estávamos organizados, na nossa rotina, como tudo deveria continuar – também lembra Kric Cruz, rapper e sobrevivente do Massacre do Carandiru. “Foi tudo muito rápido, eu estava no pavilhão ao lado, o 8”, recorda.

A impunidade

Para Cruz, a impunidade é a ferida que segue aberta após 29 anos. “Os massacres continuam, o (Wilson) Witzel , o (João) Dória e o (Jair) Bolsonaro estão aí para mostrar que a prática do extermínio continua viva”, explica o rapper. – Neste país, há um projeto de genocídio da população negra, que se expressa principalmente através do assassinato da juventude negra – afirmou Milton Barbosa, Fundador do Movimeno Negro Unificado (MNU). Barbosa, do MNU, recordou que o episódio não pode ser explicado sem o entendimento de que se trata de “uma política do Estado brasileiro”. – Foi uma ação de barbárie que faz parte do projeto de genocídio. Naquele período, já questionávamos o número, foram 243 pessoas e não 111. Temos que nos reunir aqui em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e muitos outros lugares. Há um projeto de genocídio em curso – afirma Barbosa.
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