Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 2025

Lula aos pobres: 'Parem de chorar miséria'

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Sexta, 26 de Janeiro de 2007 às 09:25, por: CdB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva arrancou aplausos no Fórum Econômico Mundial, nesta sexta-feira, ao dizer que os países mais pobres precisam parar de "chorar a miséria" e passar a assumir responsabilidade pelas dificuldades econômicas.

- Eu tenho dito a todos os dirigentes latino-americanos: nós temos parar de viajar o mundo chorando a nossa miséria e importando culpados pela nossa desgraça. Muitas vezes, a responsabilidade é nossa - declarou Lula, em discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

O presidente fez seu discurso na manhã desta sexta-feira, e procurou "apresentar resultados" desde 2003, conforme declarou ao chegar ao local onde se reúnem milhares de formadores de opinião, entre empresários, políticos, acadêmicos, ativistas e representantes da sociedade civil. O líder brasileiro reservou ainda uma parte do seu discurso para pedir "consciência" aos países ricos na aplicação de recursos no Terceiro Mundo.

- É preciso acabar com a mania dos países ricos de dar dinheiro para governantes que às vezes nem aplicam o dinheiro corretamente. É preciso que os investimentos sejam um projeto de desenvolvimento, porque isso gera emprego, riqueza e melhorias na qualidade de vida - disse Lula.

Doha

Ressaltando que a Rodada Doha é uma das maneiras de combater a pobreza no mundo, o presidente brasileiro pediu que empresários de todos os países pressionem seus governos pela retomada das negociações. Desde julho, as tentativas de liberalizar o comércio mundial em escala global estão suspensas por um entrave entre União Européia e Estados Unidos na questão agrícola.

- Estamos lutando para que os países ricos adquiram a consciência de que, se não houver um acordo na Rodada Doha, não adianta culpar o Iraque. Não adianta tentar achar que as guerras que acontecem pelo mundo serão resolvidas com as ajudas financeiras. É na possibilidade de crescimento econômico, na geração de emprego, na distribuição de renda que nós vamos viver num mundo mais tranqüilo - disse Lula.

Mais humano

Um habitué do Fórum Econômico Mundial - já foram 15 edições -, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, disse que o presidente Lula ajudou a "humanizar" o evento. Em 2003, na primeira participação do presidente Lula no Fórum, Furlan afirmou que caso Davos não se humanizasse, correria o risco de desaparecer. Não desapareceu nem perdeu o tom de negócios, mas incluiu em sua agenda temas como pobreza, doenças (Bill Gates, da Microsoft, investiu milhões de dólares na pesquisa contra a malária) ou aquecimento global, um dos temas centrais neste ano.

Mas Furlan vai além e diz que o presidente brasileiro trouxe o Fórum Social Mundial a Davos.

- Quem trouxe o Fórum Social para Davos foi o presidente Lula quando, em 2003, ele fez aqui o mesmo discurso que fez em Porto Alegre. Ele fez a ponte entre o social e o econômico. Mas ele é o porta-voz - disse o ministro.

Em seu primeiro dia na estação de esqui suíça, o presidente Lula tratou de negócios. Encontrou-se com a farmacêutica Merk, que anunciou a transferência para o Brasil da coordenação de toda a América Latina. O Googgle disse que está entusiasmado com o Brasil e mostrou interesse em investir em programas sociais brasileiros. Já o Citigroup falou que gostaria de ampliar as suas operações no país, mas que, devido ao "sucesso da política econômica dos últimos quatro anos", eles não encontram nenhuma organização à venda no Brasil em que possam investir por aquisição e que estão procurando fazer parcerias.

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