O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira na Suíça que acredita que um acordo dentro da Rodada de Doha - negociação mundial de comércio - será firmado até abril.
- Estou convencido de que nos próximos três ou quatro meses fecharemos um acordo na Rodada de Doha -, disse Lula em um painel do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
- Acho que isso tem que se fazer até o mês de abril -, completou.
As negociações da Rodada estão paradas desde julho do ano passado, devido a impasses entre os países.
- O problema não é econômico, é político -, disse Lula, sobre a Rodada.
Concessões
- Todo mundo tem que ter responsabilidade como estadistas. É preciso saber se seremos estadistas ou medíocres na hora de fechar o acordo -, disse Lula, citando o G20 (grupo de países agroexportadores, liderados pelo Brasil), os presidentes George W. Bush (Estados Unidos) e Jacques Chirac (França), e os premiês Tony Blair (Grã-Bretanha) e Angela Merkel (Alemanha).
Lula disse que os países em desenvolvimento estão dispostos a fazer concessões, se os norte-americanos diminuírem os seus subsídios.
- Nós estamos propondo que os europeus permitam um acesso maior ao alguns produtos agrícolas. Estamos pedindo que o presidente Bush reduza os subsídios, e estamos dispostos a fazer, enquanto Brasil e G 20, as concessões nos serviços e produtos industriais -, afirmou o presidente que se disse disposto a convencer o Congresso Nacional da importância desse acordo para o mundo.
Chávez e Morales
Em seu discurso em Davos, Lula defendeu os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Hugo Chávez.
- Não se preocupem com o discurso do Evo Morales, que quer nacionalizar o gás. Ele tem mesmo o direito de nacionalizar o gás. O gás é dele. A riqueza é dele. O que o Brasil precisa é pagar um preço justo pelo gás. O Brasil não abre mão do seu petróleo. O México não abre mão do seu petróleo -, disse Lula.
Perguntado pela apresentadora do painel do qual participou se Hugo Chávez era uma "perturbação" no continente, Lula disse que a América Latina vive um momento de "tranqüilidade e de paz".
- Isso não existe. O Chávez é um presidente que foi eleito três vezes consecutivas, todas da maneira mais democrática possível. O que as pessoas precisam aprender é que cada país tem um discurso de acordo com a cultura do seu país -, afirmou o presidente.
Encontro com Blair
Nesta sexta, Lula se encontrou com o primeiro-ministro britânico Tony Blair, que também participa do Fórum Econômico.
- Eu e o presidente brasileiro trabalhamos muito próximos nessa questão (Rodada Doha) -, disse Blair a jornalistas em Davos, após o encontro com Lula.
- Acho que as perspectiva (de se fechar um acordo) estão melhores. Acho que há um movimento para fazê-lo -, disse.
Após seu discurso no Fórum Econômico Mundial, Lula deixou Davos e seguiu para Zurique, também na Suíça.
Lula acredita em acordo na rodada de Doha até abril
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Sexta, 26 de Janeiro de 2007 às 19:09, por: CdB