A líder comunitária Ana Leila Gonçalves é moradora da comunidade de Jacutinga, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Carlos Alberto da Silva mora em Vilar Santo Aleixo, na mesma região, mas a alguns quilômetros dali, no município de Magé. Apesar da distância, os dois lutam por algo em comum: como outros moradores de áreas pobres do Grande Rio, cansaram-se de esperar pela ação do poder público na promoção da saúde dessas favelas.
Eles integram a Rede de Comunidades Saudáveis, composta por 121 organizações comunitárias e associações de moradores de áreas carentes em nove municípios. A proposta é levar informações sobre doenças, distribuir preservativos e lutar pela atenção dos governantes na área de saúde e saneamento básico em suas comunidades.
O Centro Social da comunidade Jacutinga, uma área com cerca de 10 mil famílias, na cidade de Mesquita, entrou para a rede em 2000. A luta de Ana Leila Gonçalves, e de seu centro social, é reduzir as taxas de infecção pelo vírus HIV (causador da aids), pela tuberculose e pela hepatite, em um lugar onde o saneamento básico é precário e a informação pouco circula.
Além de lutar por intervenções da prefeitura na área, a equipe do centro social promove, entre outras ações, realização de palestras e distribuição de preservativos na região.
- A gente faz palestras com os pais, reuniões nas igrejas, nos bares e nas escolas. Para os meninos que vão para o baile funk, a gente deixa o preservativo na caixinha de correio. Nos domingos, quando tem futebol, a gente sai distribuindo preservativos. Agora, nós somos conhecidas como as tias do preservativo - conta Gonçalves.
A Rede de Comunidades Saudáveis é um projeto capitaneado pela Organização Não-Governamental (ONG) Centro de Promoção da Saúde, entidade composta pelo mesmo grupo de profissionais que começou o trabalho em 1993, em São Conrado. A entidade, que tem o apoio do Ministério da Saúde e de organismos internacionais, oferece apoio técnico e ajuda na articulação das comunidades carentes com o poder público e outras comunidades.