Rio de Janeiro, 04 de Julho de 2025

A justiça e o enterro dos inocentes

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Segunda, 31 de Janeiro de 2022 às 06:37, por: CdB

 

Em junho do ano passado, ela foi condenada à pena de aposentadoria compulsória por integrar uma quadrilha de venda de alvarás de soltura. O valor da sua aposentadoria foi fixado em R$ 34,5 mil.

Por Anderson Pereira – de Brasília

Os processos que responsabilizavam o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman e outras 15 pessoas pela morte das 270 pessoas na cidade mineira de Brumadinho, há três anos, após o rompimento de uma barragem, foram anulados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O órgão afirma que a justiça estadual não tem competência para julgar o caso. Com isso, toda a investigação deve recomeçar por meio de uma nova denúncia. Até hoje, ninguém foi julgado.
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O órgão afirma que a justiça estadual não tem competência para julgar o caso
Já na região Norte do país, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Encarnação das Graças Sampaio Salgado, recebeu R$ 2,7 milhões sem trabalhar entre 2016 e 2021. Em junho do ano passado, ela foi condenada à pena de aposentadoria compulsória por integrar uma quadrilha de venda de alvarás de soltura.  O valor da sua aposentadoria foi fixado em R$ 34,5 mil – equivalente ao salário de um desembargador da ativa.

Os desembargadores

Também leio no noticiário que os desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) receberam, em 2021, mais de 10 vezes o teto remuneratório do funcionalismo público, de R$ 39,3 mil. Os vencimentos dos magistrados custaram R$ 252,5 milhões. Na última sexta-feira, o assassinato dos quatro fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, ocorrido em Unaí, Minas Gerais, completou 18 anos de impunidade. Eles foram mortos enquanto investigavam denúncias de trabalho escravo na região. Atualmente, não há mais ninguém preso pelo crime. É o caso dos mandantes Norberto Mânica, Hugo Pimenta e José Alberto de Castro. Cada um deles foi condenado a mais de 60 anos de prisão. A violência persiste. Dados parciais da Comissão Nacional da Terra (CPT) revelam que o número de assassinatos no campo disparou no último ano. Foram registradas 26 mortes em 2021 por conflitos rurais. Um aumento de 30% em relação a todo o ano de 2020. E a justiça? Dizem que é cega. Será?  

Anderson Pereira, é jornalista.

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